O que acontece conosco – desde o ventre - afeta e implica em nosso desenvolvimento. Chama a atenção o comportamento demasiadamente ansioso, tenso e rígido de muitos pais nalgumas transições naturais da infância - como andar, liberar das fraldas e falar.
É fato que ninguém quer sofrer – a diversidade de acessórios, produtos,
brinquedos, cartilhas, para tornar cada movimento facilitado, acelerar etapas e
diminuir o stress estão no mercado - menos por elas, as crianças, mais por
eles, os pais. Pela pater|maternidade perfeita, bebês são pressionados à
exaustão!
As etapas são vivenciadas por muitos sob desespero e angústia na busca
pela experiência perfeita. Num tempo de comparações, onde tudo torna-se evento
e espetáculo a transição do engatinhar aos primeiros passos é angustiante
(Parece defeituoso ou anormal bebês ainda não darem os primeiros passos aos 8
meses...) Assisti algumas mães “tocarem o terror” em crianças que não
sinalizaram o cocô. As primeiras palavras, então, ocorrem sob pressão – não sob
estímulos!
Ignora-se que tudo é transição;
que devemos respeitar o ritmo de cada um;
que nenhum humano é exatamente igual;
e nosso papel é estimular, aguardar e celebrar respostas.
Pais com níveis de ansiedade e impaciência estratosféricos, como se a
demanda de atenção requerida pelos bebês atrapalhasse seus mundos perfeitos...
E depois vem a preparação dos currículos dos infantes para transformá-los
em executivos mirins. (No Youtube não faltam pais compulsivos por viralizações:
Lá desfilam bebês já profissionais do showbiz. Sai o lúdico, entra o
bussines...)
Eis uma indústria de humanos inseguros, instáveis e transtornados desde
o berço. Freud, Winnicott, Vygotsky, Piaget, Wallon, Montissori, Ferrero...
Jamais imaginaram um tempo tal e qual! Na primeira infância muitos já são
sobreviventes...
* Melissa aos 7 meses By Geraldinho Farias
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