quarta-feira, 30 de novembro de 2022

NEM ANJOS, NEM SUPER-HERÓIS II

É chocante quando sabemos de mais um pároco que abreviou a própria vida. O padre Geraldo de Oliveira, 77, neste 1º.|2 na Igreja de São Sebastião, em Surubim-PE.

A automutilação fatal é um desafio social. Chama a atenção sua ocorrência entre líderes religiosos – fato repercutido diversas vezes em minhas redes. E não é exclusividade católica; a incidência do infortúnio também afeta pastores e desafia igrejas das mais diversas denominações protestantes-evangélicas.

Lamento a viralização da carta escrita pelo Padre em 4 páginas compartilhando crises relacionais entre seus pares. (Pessoas são citadas, expondo confidências ao público, sem que os envolvidos usufruam do mesmo espaço para defesa).

Lamento também que páginas, sites, canais, que afirmam se assumem católicos, usem do episódio trágico para expor detalhadamente o meio usado pelo falecido - divulgando até mesmo o corpo, e o façam em troca de likes e engajamentos.

(Instruções do que NÃO fazer ao cobrir suicídio - OMS:
Não publicar fotografias do falecido ou cartas suicidas.
Não informar detalhes específicos do método utilizado.
Não fornecer explicações simplistas.
Não glorificar ou fazer sensacionalismo sobre o caso.
Não usar estereótipos religiosos ou culturais.
Não atribuir culpas.)

Padre Geraldo morava em Surubim, e em 50 anos de sacerdócio foi pároco em Agrestina e São Caetano, além de professor de Filosofia em Caruaru. Seu legado inclui a construção de uma centena de casas para famílias carentes.

O triste episódio abre os bastidores das corporações religiosas – o que remete à necessidade de aprimorar as relações humanas. Também lança luzes sobre a gritante necessidade de cuidados e qualidade de vida em razão dos desafios e pressões a que é submetido o Clero. Reafirmo: A espiritualidade nunca deveria prescindir da saúde mental! Orações e solidariedade aos familiares, amigos e párocos. 

By Geraldinho Farias

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CLOSE (2022)

É desafiador abordar temas complexos. Podemos discutir o "como" o roteiro (Lukas Dhont) foi tocado - entre a primeira e a segunda ...