segunda-feira, 28 de novembro de 2022

OS BEBÊS E O MUNDO PERFEITO DOS PAIS

Melissa aos 6 meses

O que acontece conosco, desde o ventre - não é lançado ao mar; nos afeta e implica em nosso desenvolvimento. Chama a atenção o comportamento demasiadamente ansioso, tenso e rígido de muitos pais nalgumas transições da infância, como andar, liberar das fraldas e falar.

Diversos acessórios no mercado - equipamentos, produtos, brinquedos - prometem facilitar o movimento, acelerar etapas e diminuir sofrimentos - a “mecanização” nos repertórios humanos, mais por eles, os pais, que pelas crianças.

Etapas são vivenciadas sob desespero pela experiência perfeita. Num tempo de comparações, onde tudo vira espetáculo a transição do engatinhar aos primeiros passos é angustiante; parece defeituoso ou anormal bebês não darem os primeiros passos aos 9 meses...

Assisti algumas mães “tocarem o terror” em crianças que não sinalizaram o cocô - interromperam agendas pra fazer higiene. E noutras, as primeiras palavras ocorreram sob pressão – não, sob estímulo.

Ignora-se que tudo é transição; que devemos respeitar o ritmo de cada um; que diferimos; e nosso papel é estimular "step by step". Pais com níveis de ansiedade e impaciência à mil - como se as demandas requeridas pelos bebês atrapalhassem seus mundos perfeitos... Nessas vibes o afeto é comprometido.

E depois vem a preparação dos currículos para transformá-los em executivos mirins, influencers, "bebês-stars". (O Youtube é a vitrine onde muitos infantes são convertidas em personagens do showbiz, por pais compulsivos por viralizações...)

Eis uma indústria de humanos inseguros, instáveis, avessos às frustrações e transtornados desde o berço. Freud, Vygotsky, Piaget, Wallon,,... Jamais imaginaram um tempo como este! By Geraldinho Farias

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