Melissa aos 6 meses |
O que acontece conosco, desde o ventre - não é lançado ao mar; nos afeta e implica em nosso desenvolvimento. Chama a atenção o comportamento demasiadamente ansioso, tenso e rígido de muitos pais nalgumas transições da infância, como andar, liberar das fraldas e falar.
Diversos acessórios no mercado - equipamentos, produtos, brinquedos -
prometem facilitar o movimento, acelerar etapas e diminuir sofrimentos - a
“mecanização” nos repertórios humanos, mais por eles, os pais, que pelas
crianças.
Etapas são vivenciadas sob desespero pela experiência perfeita. Num
tempo de comparações, onde tudo vira espetáculo a transição do engatinhar aos
primeiros passos é angustiante; parece defeituoso ou anormal bebês não darem os
primeiros passos aos 9 meses...
Assisti algumas mães “tocarem o terror” em crianças que não sinalizaram
o cocô - interromperam agendas pra fazer higiene. E noutras, as primeiras
palavras ocorreram sob pressão – não, sob estímulo.
Ignora-se que tudo é transição; que devemos respeitar o ritmo de cada
um; que diferimos; e nosso papel é estimular "step by step". Pais com
níveis de ansiedade e impaciência à mil - como se as demandas requeridas pelos
bebês atrapalhassem seus mundos perfeitos... Nessas vibes o afeto é
comprometido.
E depois vem a preparação dos currículos para transformá-los em
executivos mirins, influencers, "bebês-stars". (O Youtube é a vitrine
onde muitos infantes são convertidas em personagens do showbiz, por pais
compulsivos por viralizações...)
Eis uma indústria de humanos inseguros, instáveis, avessos às frustrações e transtornados desde o berço. Freud, Vygotsky, Piaget, Wallon,,... Jamais imaginaram um tempo como este! By Geraldinho Farias
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