O filósofo
sul-coreano Byung-Chul Han descreve com precisão cirúrgica o "mal-estar da
civilização": Uma época marcada pela hiperexigência, pela positividade
tóxica e pela auto exploração, a “Sociedade do Cansaço” — quando a
produtividade se tornou religião, o corpo virou máquina e a mente, campo de
batalha. Vivemos sob a ditadura do desempenho. A ordem é performar sempre e a
todo o custo!
A positividade compulsória e a pressão por resultados se tornaram violências silenciosas, invisíveis mas devastadoras — a depressão, a ansiedade e o burnout são sintomas crônicos de um modelo doente. A performance virou moral; o descanso, culpa; o fracasso, crime. O indivíduo não é mais explorado a partir de fora, mas por dentro, num permanente estado de “doping" existencial, em busca de mais - produtividade, beleza, espiritualidade ou relevância digital. O cansaço é modo de existir sob diagnósticos precoces e medicalização plena.
Ministérios e
igrejas também se tornaram fábricas de esgotamento vendendo fé de alta
performance, um Deus gestor de metas e uma espiritualidade de agendas cheias,
por templos empresariais, cultos-shows e "comunhão" de marketing.
Jesus de Nazaré
emerge como resistência, denúncia e descanso, o contraponto, o contraditório
político:
Ele convida à
contemplação, não à comparação: “Olhai as aves do céu... Olhai os lírios do
campo.”
Ele propõe
desapego, não ostentação: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”
Ele ensina a se
recolher, não a se exibir: Retira-se para orar...
O Jesus Público, do
ar livre, das sinagogas, do Templo, do povão, é também o das casas, das
intimidades, das famílias, das refeições pessoais! Sua espiritualidade é
pública, mas não marqueteira. Ele protesta contra modelos que adoecem -
inclusive os religiosos. Às vítimas das religiosidades do cansaço, Jesus
oferece o jugo refrigerante: “Vinde a mim os cansados e sobrecarregados, eu vos
aliviarei; tomai o meu jugo leve”...
(Rembrandt - Tempestade no Mar da Galiléia,1633) By Geraldinho Farias
Nenhum comentário:
Postar um comentário