quarta-feira, 16 de julho de 2025

JESUS E A SOCIEDADE DO CANSAÇO

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han descreve com precisão cirúrgica o "mal-estar da civilização": Uma época marcada pela hiperexigência, pela positividade tóxica e pela auto exploração, a “Sociedade do Cansaço” — quando a produtividade se tornou religião, o corpo virou máquina e a mente, campo de batalha. Vivemos sob a ditadura do desempenho. A ordem é performar sempre e a todo o custo!

A positividade compulsória e a pressão por resultados se tornaram violências silenciosas, invisíveis mas devastadoras — a depressão, a ansiedade e o burnout são sintomas crônicos de um modelo doente. A performance virou moral; o descanso, culpa; o fracasso, crime. O indivíduo não é mais explorado a partir de fora, mas por dentro, num permanente estado de “doping" existencial, em busca de mais - produtividade, beleza, espiritualidade ou relevância digital. O cansaço é modo de existir sob diagnósticos precoces e medicalização plena.

Ministérios e igrejas também se tornaram fábricas de esgotamento vendendo fé de alta performance, um Deus gestor de metas e uma espiritualidade de agendas cheias, por templos empresariais, cultos-shows e "comunhão" de marketing.

Jesus de Nazaré emerge como resistência, denúncia e descanso, o contraponto, o contraditório político:

Ele convida à contemplação, não à comparação: “Olhai as aves do céu... Olhai os lírios do campo.”

Ele propõe desapego, não ostentação: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”

Ele ensina a se recolher, não a se exibir: Retira-se para orar...

O Jesus Público, do ar livre, das sinagogas, do Templo, do povão, é também o das casas, das intimidades, das famílias, das refeições pessoais! Sua espiritualidade é pública, mas não marqueteira. Ele protesta contra modelos que adoecem - inclusive os religiosos. Às vítimas das religiosidades do cansaço, Jesus oferece o jugo refrigerante: “Vinde a mim os cansados e sobrecarregados, eu vos aliviarei; tomai o meu jugo leve”...

(Rembrandt - Tempestade no Mar da Galiléia,1633) By Geraldinho Farias

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