quinta-feira, 20 de setembro de 2012

FALTA HOMEM?

Pesquisando mulheres de mais de 40 anos brasileiras e alemãs, observei diferenças interessantes. Enquanto as alemãs se mostram focadas na realização profissional e em atividades intelectuais as brasileiras enfatizam  a importância de ter marido e filhos e reclamam muito da “falta de homem no mercado.” É curioso observar que mesmo entre as mulheres bem sucedidas as brasileiras que se dizem mais satisfeitas são as casadas. O que mais valorizam é ter um marido fiel. Dizem que os maridos ligam inúmeras vezes por dia pra perguntar coisas bobas, que ficam deprimidos quando eles viajam e que eles são completamente dependentes delas. Afirmam coisas como: “Ele precisa de mim”. “Ele não sabe ficar sozinho”. “Ele gosta que eu cuide dele”. “Ele cobra o tempo todo a minha atenção” e “Ele sente muito ciúme de mim”.

Em um dos grupos de discussão que realizei, uma mulher jovem, magra e bonita, confessou sentir inveja de outra pesquisada. “Tive e continuo tendo muitos namorados e amantes, mas nunca tive um companheiro. Senti inveja quando você falou do seu marido porque eu nunca tive um relacionamento longo e fiel”.

A outra respondeu: “O meu marido diz que me ama e me deseja mesmo eu estando gordinha e com cabelos brancos. Tenho certeza de que ele sempre foi fiel. Nossa vida sexual é muito gostosa e ele diz que não sabe viver sem mim. Com ele, mesmo depois de 30 anos de casamento ainda me sinto a mulher mais gostosa do planeta ”.

Ter um marido é um verdadeiro capital para muitas mulheres. Em um mercado afetivo e sexual em que os homens disponíveis, interessantes e fiéis são considerados “artigos de luxo”, muitas brasileiras acreditam ser triplamente vitoriosas: Por terem um relacionamento duradouro, por serem reconhecidas pelo marido e, principalmente, por acreditarem serem únicas para eles. Muitas brasileiras que pesquisei disseram se sentir fracassadas ou infelizes por não terem (ou manterem) o capital marital. No entanto as alemãs (e algumas brasileiras) preferem investir em outras formas de realização pessoal (trabalho, educação, amizade). Qual será o melhor investimento para uma vida feliz? Miriam Goldemberg é antropóloga, professora da UNIFERJ.

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