Neste 15 de outubro, as merecidas homenagens aos mestres, especialmente à Professora Rosa de Toledo Bianchi, diretora de desenvolvimento do ITM. Compartilho “O Professor” (do livro Solidão a Mil), do admirável Mestre Edson Marques:
“A tabuada não basta. Como não bastam funções hiperbólicas, variáveis complexas, orações subordinadas. Não bastam Euclides e sua geometria, não bastam as teorias. O professor deve ensinar ao aluno a arte de viver com dignidade, com amor, com liberdade.
Não basta falar das guerras, das batalhas, das conquistas — tem que ensinar o aluno a conquistar-se primeiro a si próprio. Ensinar-lhe medir distâncias é pouco — necessário vencê-las. Não basta saber o nome dos rios, temos que fluir...
O professor transmite sabedoria, incentiva o bom senso... Mergulha fundo no oceano de dúvidas que o aluno tem no coração, e traz o tesouro pulsante lá submerso. Educa, orienta, aviva a chama na consciência de casa. Ao polir a pedra bruta consegue intenso brilho.
Bom professor é aquele que não exige, não cobra — obtém. Não corrige — mostra o porquê. Não hesita quando avalia, não constrange quando examina. E nunca faz da nota uma espada.
O bom professor não só ensina, compreende. Não levanta a voz, amplifica o verbo, convence. É sério — mas ri da própria seriedade...
O professor mostra ao aluno a diferença entre o silogismo e a serpente. Ensina-o a extrair raiz quadrada com poesia... Jamais abusa da confiança do aluno, não lhe invade o espaço, não procura condicioná-lo... Nunca o explora, é só o conquistador de um novo mundo, que leva o aluno a ver mais — mais alto e mais longe.
Não levanta paredes em torno do aluno, e sim derruba aquelas que houver.
Abre-lhe as portas da vida, com veemência... Mostra ao aluno a importância da
inteligência na determinação do seu futuro. O velho dilema entre a caneta e a
vassoura...
Como Sócrates, o bom professor não vê glórias no que sabe, não esconde o que
conhece, nem oculta o que possa não saber. Brinca, tem confiança em si, e não
faz da escola uma cela.
Moderno, convence o aluno a saltar os muros da tradição, porque a aventura está
sempre do outro lado... Transmite confiança, pega na mão, aplaude, incentiva,
suporta, conduz, ampara na travessia...
Aranha em teia de luz, o professor não prende — liberta. Carrega o giz como
fosse uma flor... E quando faz a linha tem firmeza, mas não separa. Ora Dali,
ora Picasso, vai colocando a tinta, pondo seu traço, amando seu gesto, compondo
a canção...
Considera o aluno
obra de arte quase inacabada...
O professor é o amigo sincero que ajuda o aluno a superar os limites da vida,
desbravando com determinação e ousadia essa fantástica região chamada
Experiência.
Enfim — o professor é o Mestre.”
À Mestra Rosa
Bianchi. Por sua trajetória. A quem ensina com a própria vida. By Geraldinho
Farias
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