A relação de pais-filhos está cada vez mais mediada pelo ou submetida ao Mercado. A mercantilização chegou em casa! Muitos pais funcionam como abastecedores. Prestam serviço de supridores dos paxazinhos, califinhas e sinhazinhas. Se obrigam a atualizar os bens dos pequenos, com as sugestões das propagandas da TV e internet, que alimentam uma fome de brinquedos sem fim.
Crianças expostas ao colorido das telas com marketing cada vez mais sofisticado, podem tornar meninos e meninas ansiosos, inconformados, ingratos e descartadores.
O exercício da imaginação em brinquedos artesanais – bonecas de pano, carrinho de caixas, pipas ou, pular amarelinha, pega-pega e esconde-esconde tornaram-se obsoletos (consulte o Gloogle se não souber do que se tratam).
Se no ano passado a galinha azul foi onipresente no circuito, neste, uma porca cor-de-rosa dominou o globo. Aplicativos pululam diariamente no buraco negro de consciências devoradoras. Os desdobramentos são sintomáticos:
Crianças cada vez mais passivas, se divertem sem queimar calorias; usando apenas dedos das mãos. Sedentarismo é hegemônico e a obesidade infantil já é pandemia entre pré-adolescentes.
Síndrome midiática. Telas viciam. Condicionam. Se você não está disposto a brigar pelo coração de seu filho, postergue cada vez mais a exposição a elas. É uma concorrência inglória, desleal. Pais tem procurado em larga escala os serviços de profissionais de saúde mental para lidar com impaciência, falta de concentração, dificuldades em relacionamento, quando não transtornos de ansiedade. (Você pode impor uma disciplina a partir de seu exemplo. Se você mesmo é usuário contumaz, “dependente químico” de uma tela, a iniciação de seu filho já tem uma matriz. Gestos valem mais que palavras. Tendemos a reproduzir padrões).
Poluímos o globo. Nossa produção de lixo explode como resultado de um modelo de vida que usa e abusa dos descartáveis. Famélicos por novidades destinam papelão, plástico, fibra e borracha aos zilhões. Não reciclamos com a mesma velocidade.
A vida ficou chata. Com o controle remoto crianças tem o mundo em suas mãos, ou, aos seus pés. Se você, papai e mamãe, ainda não foram substituído por tabletes e celulares, compartilho aqui algumas dicas:
“Mãe, quero um”. “Pai, compra pra mim”... E o eletrizante: "Mas eu queeeeeeeeeero!" Desejo é diferente de Necessidade. Desejo passa. Proteja seu orçamento. Quebre o ciclo. A indústria tem fome de vendas mas você não deve ter disposição de alimentá-la. Resista!
Seja presente com
tempo e interações de qualidade. E não precisará suprir sua ausência com
presentes caros, brinquedos e aparelhos tecnológicos. (Se você trabalha muito
lembre-se: Nenhum sucesso compensa o distanciamento de filhos ou o fim de sua
família).
A vida através de fibras óticas é inevitável. É a própria civilização. Mas... Estude o momento da iniciação. Regule, limite o tempo de exposição de seus pequenos às telas. Aparelhos e equipamentos eletrônicos não são extensão do nosso corpo. “Não sois máquinas, homens sois” (Chaplin)
Converse desde cedo sobre o que pode e não pode; o que dá e o que não dá; o que é acessível e o que é proibitivo. Educar dá trabalho, por isso, muitos optam por deixar levar. Mas, saiba: O custo é bem maior! Diálogo sempre!
Novas rotinas podem ser cultivadas: A leitura de um bom livro pode fazer diferença; contação de histórias; prática esportiva; a aprendizagem de uma nova habilidade – música, pintura etc. Lembre-se: Quanto mais expostas às peças publicitárias, mais insaciáveis serão seus pimpolhos.
Cultive hábitos como gratidão, preservação de bens e conte como foi com você. Sobrevivemos à luz de candeeiro, ferro à carvão, telegramas... Na minha infância um Ferrorama da Estrela ou Falco eram objetos de desejo, acessível apenas a uns poucos. Crescemos felizes e realizados com o peixe desenhado no chão, o peão, uma bola etc. Os tempos mudaram, mas nossos princípios não estão à venda. Lembre-se do seu tempo – improviso e criatividade fizeram de você um ser humano que chegou até aqui.
Antes de rotular de geração X, Y, N, nossos filhos são... Nossos filhos! “É assim mesmo”. "Todo mundo faz isso". Lembrete: Você não está condenado a viver "assim mesmo". E seus filhos não são "todo mundo".
Com o Capitalismo
não se brinca! 12 de outubro é o dia da Indústria de Entretenimento - não das
crianças. Delete certas práticas que a civilização nos impõe. Viva condutas
familiares a partir de convicções que favoreçam interações humanas – toque,
abraço, diálogos, jogos lúdicos. Pelo menos resista e tente: “Nem só de bytes e
fibras óticas viverá uma criança”. By Geraldinho Farias
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