sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O BEIJO DE JUDAS

A Captura de Cristo: Caravaggio, 1602 - Dublin, Irlanda
Gesto imortalizado por Judas, simbolo da Traição

Quem nunca experimentou uma traição que doeu no fundo da alma??? Uma das experiências mais dolorosas do exercício da liderança.

Traíras Históricos As tentativas de invasão dos holandeses em 1600 esbarraram na perícia de Domingos Fernandes Calabar, um senhor de engenho da Capitania de Pernambuco que conhecia a costa brasileira como as palmas das mãos. Os invasores tentaram Olinda e Recife sem êxito; se perdiam nos labirintos de mangues e rios. Os neerlandeses lograram êxito depois que Calabar mudou de lado em abril de 1632 – quando emprestou (vendeu?) seus conhecimentos geográficos aos inimigos que avançaram sobre Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Mais tarde, o traidor é emboscado, preso e garroteado em Porto Calvo, Alagoas; e os flamencos, vencidos em 1654 (Capitulação do Campo do Taborda). Calabar leva consigo a “honraria” de ser o maior traidor da história brasileira.

Na Inconfidência Mineira (Minas Gerais, 1789) o movimento de libertação da opressão do governo Português foi frustrado pela ação do “dedo-duro” Coronel Joaquim Silvério dos Reis (1756 – 1819), um dos inconfidentes. Em troca do perdão de suas dívidas com a Coroa, Silvério entregou seus pares para as autoridades portuguesas. Os inconfidentes foram presos ou mandados para a África; e o líder, Tiradentes, enforcado em praça pública.

Dentre os ícones da traição está Judas Iscariotes. O mais popular e simbólico. Chamado, comissionado, partícipe dos milagres com e por Jesus, juntamente como os demais discípulos, Judas revelou-se leal aos zelotes –  movimento político que incitava a rebelião contra o Império Romano. Iscariotes se decepcionou ao não reconhecer em Jesus o líder histórico que levaria os judeus à libertação da opressão de Roma. (Jesus falava de “outra” libertação e "outro" Reino). Aquele a quem se confiou a tesouraria do grupo, vendeu Seu Amigo e Líder por 30 moedas de prata. O Mestre treinou, deu oportunidade e confiança para quem reduziu tudo ao código de barras... Como muitos hoje em dia.

Necessário dizer que Jesus era tão igual aos seus amigos que foi necessário um sinal para que se soubesse quem deles era o Nazareno. Enquanto há os que querem "ser diferentes", querem destaque, primazia, Jesus se fazia em igualdade. O sinal de identificação foi o beijo do Traidor.

Modus Operandi Traidores sabotam, dividem, fazem sofrer e enfraquecer líderes. De forma camuflada, como nossos exemplares Calabar, Silvério e Iscariotes. O traíra age no subsolo, na “moita”, na noite, pelas “costas” – disso vem o desencanto da vítima. Líderes alvejados por traíras desanimam, sofrem, adoecem e demoram se refazer; quando não desistem.

Ou: Sabotam de forma assumida – como Absalão em sua rebelião contra seu próprio pai, o Rei Davi. Ardilosos seduzem com argumentos e reivindicações. Miram naquilo que satisfaz o próprio estômago (ego): O reconhecimento, a liderança branca, o protagonismo, o poder.

Motivação Muitos são "picados pela Mosca Azul". Diz-se das pessoas sob efeito da ambição, quando os fins justificam os meios. Movidos pela fome de poder, o traidor é capaz de (quase) tudo. Vender amizades antigas, desestabilizar ambientes; sabemos o quanto um invejoso transtornado pode "causar".

Lições Sejamos realistas. Em política há inúmeros exemplos de como a criatura se volta contra o criador. Nos contorcemos quando um líder é traído por um amigo próximo, até mesmo o seu “braço direito”. Estamos sujeitos a insurreições e rebeliões. Confesso que não estamos preparados para técnicos e profissionais da cisão. São hábeis articuladores. E encontram nos líderes o romantismo de perdoar, ceder uma nova chance, acreditar em promessas. Alguns traidores abusam, quebram acordos e agem por coerência: Tem na carreira muitos "botes" contra líderes.  

Em cada episódio somos amadurecidos. Lidar com a peçonha (= substância tóxica produzida por animal através de uma glândula especializada) dos traíras faz parte. É nefasto em qualquer modalidade: Conjugal, profissional, fraternal. Não percamos o foco. Relembremos os propósitos pelos quais fomos chamados. Ainda que a liderança contenha desencantos, seu exercício continua nobre. Nos alegramos com frutos: Jesus à mesa, lavando os pés, compartilhando e servindo seu algoz, tem muito a nos ensinar. By Geraldinho Farias

3 comentários:

  1. Devo-lhe lembrar que que esta realidade de traição, infelizmente, é muito comum no meio cristão. Lideres que foram acolhidos,amados, ensinados, da noite para o dia, se tornam algozes e, muitas vezes "vendem" seu pastor, mentor, em troca de cargos ou de outra denominação, onde por falta de ética pastoral, são recepcionados com festa. Tudo isto é muito triste, porém, não tanto quanto nosso Mestre, onde "... todos os abandonaram".

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  2. Gostei. Sempre é saudável nos lembrarmos que mesmo enfrentando traições, é bom servir ao Senhor, abs.

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  3. 1 Na verdade o Filho do homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver nascido.Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze.Lucas 22:3 todos os traíras , devem ser comidos literalmente pela sua consciência e se enforcarem em profunda angustia e amargura pela traição premeditada .

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