quarta-feira, 28 de março de 2012

O SUCESSO DOS FRACASSADOS

O bom desempenho acadêmico e profissional está menos ligado à inteligência do que ao autocontrole, isto é, à habilidade de gerenciar os impulsos, focar o que é relevante e perseverar. É o que apontam pesquisas que, feitas por psicólogos e neurocientistas de algumas das melhores universidades americanas, vêm ganhando credibilidade entre especialistas em aprendizagem.

Crianças que conseguem lidar melhor com a frustração e com o fracasso tendem a obter bons empregos, a ter sucesso em negócios, a economizar dinheiro, a cuidar da
saúde e a ficar distantes de vícios. Além disso, é claro, elas tendem a ter melhor desempenho escolar. Ficar sentado estudando, afinal, é tarefa que exige que, apostando numa recompensa futura, se deixe de fazer algo mais agradável.

É possível aprender a ter autocontrole? As pesquisas vêm sendo feitas desde a década de 1970, quando, na Universidade Stanford, começaram a acompanhar crianças que demonstravam, em experimentos, saber controlar os impulsos. Numa das experiências, puseram um chocolate diante de cada criança de um grupo de testes. Aquelas que não comessem nada ganhariam, mais tarde, três chocolates. Acompanhou-se por décadas esse grupo, comparando o desempenho dos seus integrantes nas mais variadas atividades. Observou-se que quem sabe se controlar obtém boas notas.

A psicóloga Terrie Moffitt, professora da Duke (EUA), um dos mais importantes centros de neurociências do mundo, divulgou um estudo baseado em 30 anos de observação. Foi além: "Há um impacto generalizado nas mais diferentes áreas, inclusive na taxa de criminalidade", afirma. Ela acompanhou 1.037 pessoas desde a primeira infância até os 32 anos de idade. Resultado semelhante ocorreu em suas pesquisas com gêmeos. "Vimos que o autocontrole, depois de descontados fatores como renda e classe social, superou a inteligência como elemento desencadeador de sucesso no universo acadêmico e no profissional."

A pergunta óbvia: A habilidade de controlar os impulsos é algo genético? A psicóloga diz que, em parte, ela decorre de herança genética, mas que também há influência do ambiente, como a família e a escola.

Por isso algumas escolas estão criando jogos destinados a desenvolver o autocontrole. Um dos jogos usa peças de teatro para que as crianças aprendam a executar papéis. Esse é um recurso em meio a diversos tipos de brincadeira, cuja recompensa está associada à capacidade de lidar com a frustração e de postergar alguma decisão. Estimula-se, assim, a capacidade de encontrar soluções para desafios.

O bom empreendedor é aquele que sabe fracassar, fazendo dessa experiência uma motivação e um aprendizado... Talvez esteja aí um jeito de entender melhor por que migrantes e seus filhos - obrigados a lidar com adversidades e frustrações, desenvolvendo a resiliência- tendem a prosperar e por que cidades mais abertas a imigrantes são mais inovadoras e empreendedoras.

Você pode perguntar: E fracassados são bem sucedidos? Gilberto Dimenstein explica o paradoxo e lança um alerta no modelo de educação hegemônico hoje em dia: O filhocentrismo - a relação em que os filhos são blindados para não serem frustrados, mimados, protegidos ao extremo. A produção de “reizinhos e princesinhas” é um obstáculo à maturidade e autonomia. Que pais e educadores ponderem sobre o tema. by Geraldinho Farias

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