JESUS E AS ENCHENTES DO RIO GRANDE DO SUL

Chuvas torrenciais arrasaram a Palestina no ano 31. O Mar da Galiléia havia transbordado, deixando milhares desabrigados. Muitos judeus concluíram ser uma “praga” enviada por D´us contra os samaritanos!

Os zelotes discutiam se não era a hora de derrubar Herodes e retomar o domínio da Judéia.

Das províncias viam donativos para socorrer as vítimas da catástrofe – a doação de sal do Mar Morto e muitas túnicas velhas denunciavam que muitos aproveitavam as campanhas solidárias para fazerem “bota-fora”.

Havia rede de mentiras sobre quem se saía melhor em socorrer o povo: Se César, Herodes ou os rabinos. Circulavam boatos, ações de uns atribuídas a outros, exageros para favorecer imagens de partidos e políticos.

O TOQUE TERAPÊUTICO

Há dezenas de milagres realizados por Jesus de Nazaré documentados nos Evangelhos – cerca de 35.

Há intervenções na natureza, há refazimento de órgãos, restabelecimento de funcionalidades – visões, audições, mobilidades, ressurreições; antigos, raros, de repercussões globais ou específicas; de nascimento, de décadas,...

NEM ANJOS, NEM SUPER-HERÓIS XII

A realidade contrasta com a falácia de que o viver religioso produz blindagem contra adoecimentos mentais. Muito pelo contrário...

A simples leitura dos evangelhos implica na distinção entre modelos religiosos e espiritualidade: Jesus de Nazaré se opôs frontalmente ao Farisaismo!

A associação da religiosidade com o bem estar não é inexorável, ou, um valor absoluto. Portanto, urge revisar modelos:

Igrejas que não estimulam o descanso (negação do sábado), impondo cardápios diários, sob produtividade exaustiva;

Igrejas que veem as ciências e os cientistas como conspiradores da fé, comprometendo a saúde de seus párocos, desacreditando terapias e terapeutas;

Igrejas prestadoras de serviços para consumidores/clientes da fé, onde ministérios são meros produtores de alienados e indiferentes à realidade dos semelhantes...

Não nos surpreende que a Sociologia estuda a mudança do fenômeno "trânsito religioso" - ou efervescência religiosa - para o desigrejismo em curso... By Geraldinho Farias

OS SANTOS X OS CHATOS

O Coyote e o Papaléguas, da Warner Bros

Os santos apreciam manjedouras

Os chatos rondam tronos

Os santos querem ser pequenos, cada vez menores

Os chatos furam filas, reivindicam direitos e vantagens

Os santos ambicionam os últimos lugares

Os chatos ornam vitrines, telas, os destaques

Os santos só servem para servir

Os chatos detestam esperar, reclamam - e muito!

Os santos se alegram com sandálias, bacias e toalhas, não importam os pés

Os chatos disputam os primeiros pés a serem lavados

Os santos são a extremidade das periferias

Os chatos são o centro do Mundo

"Chatidade" é arrogância, inconveniência e intolerância dividindo pessoas entre as da própria religião - as melhores, superiores, puras, e as demais: As pecadoras, inferiores...

Quem são os santos na fila do pão??? Os chatos são os donos da fila. E dos pães. By Geraldinho Farias

JUDAS: AMAR OU MALHAR?

A tradição de “malhar” o Judas no “Sábado de Aleluia” veio para a América Latina através de espanhóis e portugueses, quando um boneco representativo do discípulo que traiu a Jesus é insultado, atacado e queimado. O costume lembra os ataques a Hamã, o inimigo dos judeus no livro de Ester.

Não há nada mais contraditório, paradoxal, “nada a ver” com o Cristo e o Cristianismo!

Jesus não ensinou a jogar pedras na Gení ("nenhum humano é feito pra apanhar, nem é bom pra cuspir")

RED ROSE (2022)

Nenhuma advertência sobre os limites e riscos da navegação acrítica ou sem filtro na Internet soam demais para pais, educadores e responsáveis. Este é o maior motivo para assistir a minisérie britânica.

Red Rose (Reino Unido - 2022), um misto de drama e terror, longe de ser uma obra prima sobre o submundo da Deep/Dark web (o pântano digital da Web) faz o expectador recear de que seja mera ficção: Rochelle (Isis Hainsworth aparece pouco, mas muito boa), recebe um link para baixar o Red Rose, um aplicativo estranho. A partir disto, o grupo de amigos do Colégio será fatalmente impactado...

O time de atores faze bons tipos e complementos; descrevem bem o ambiente e as expectativas da Escola; remete a Black Mirror, mesmo que o roteiro seja um tanto enfadonho. (Estamos diante de uma peça que denuncia bem a omissão de pais e responsáveis com relação à internet e suas possibilidades nem sempre seguras e confiáveis). By Geraldinho Farias

TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER (2023)

A minissérie é baseada em Toda Luz Que Não Podemos Ver (DOERR, Anthony - Intrínsica, 2015), ainda que numa "outra" história.

O início é maçante, demora pegar. Se resistir à sonolência inicial descobrirá uma verdadeira jóia. Há pontas soltas sobre os passados dos personagens - de onde vem a cegueira da menina? E a orfandade do menino? Termina com a caricatura de americanos salvadores de qualquer pátria... O final, um tanto clichê - heroísmo, corre-corre, beijo.

Destaque: Os personagens. (O rádio é o principal - recebe grande homenagem). Mia Lobert (Marie-Laure) dá verdadeiro show – é deficiente na real, interpreta de forma natural. Louis Hofmann (pra sempre Dark), o Werner, contrasta com nazistas raivosos. Hugh Laurie (pra sempre Dr. House), se sai bem como um traumatizado professor. As interações são excelentes - exceto Mark Ruffalo como um pai amoroso, mas sem graça.

Contudo, seus defeitos não comprometem uma belíssima história em 3 capítulos! A música, o roteiro, a fotografia (!!!) exalam sensibilidade e esperança em meio ao caos: “Nós temos dois olhos e você, dez dedos." By Geraldinho Farias

"NÃO TEMAS!"

Inato, aprendido ou imaginário, a sensação de medo é dos maiores enfrentamentos:

Quando da pesca maravilhosa, Simão e seus amigos se assustaram com o resultado; Jesus lhe diz: “Não temas!”

Quando Jesus andou sobre as águas os amigos gritaram de medo... Jesus disse: “Não temam!”

Quando no episódio da Transfiguração, os três amigos ficaram aterrorizados... Mas, Jesus tocou neles e disse: “Levantem-se, não tenham medo!”

A sensação de abandono e solidão é dos nossos maiores receios. Por isso: “Não vos deixarei órfãos” (largados, soltos)

Quando nos percebemos distintos de nossas mães (apego seguro)

EDUCAÇÃO DE FILHOS NA GERAÇÃO 'SELFIE'

Jovens recém-formados estão levando os pais como acompanhantes em suas entrevistas de emprego - quase 20% dos empregadores afirmaram que um recém-formado trouxe um dos pais para uma entrevista (Intelligent).

Mães atuam na construção de pessoas, sendo suficientes - e não, perfeitas - legou Donald Winnicott: A boa mãe, ou a "suficientemente boa" reconhece as necessidades do bebê e a hora de retirar gradativamente seus cuidados quando não são mais tão necessários e protetivos. Faz POR ele; depois, faz COM ele; até que ELE MESMO faça, encare, decida, se defenda. A "Mãe Boa" percebe a hora de desmamar; vê numa queda ao brincar o preparo para outras quedas; e lida bem com a autonomia e independência do(s) filho(s). A "Mãe Desnecessária" sucede à "Mãe Boa": Não cria filhos para sí, dependentes, impedindo-os à autonomia e maturidade. Filhos da "Mãe suficientemente Boa" são confiantes e determinados - não oscilantes e inseguros - treinados para lidar com nãos, perdas e frustrações.

NEM ANJOS, NEM SUPER-HERÓIS XI

Diz a Mitologia Grega que Quíron – o mestre e médico dos heróis, foi ferido por engano por uma flecha de Hércules. Quíron não morreu, mas a ferida jamais cicatrizou e, por isso, sabia o que era estar ferido. Por meio da própria dor, era capaz de compreender a dor alheia com compaixão.

C. G. Jung na Psicologia Analítica descreve o arquétipo do Curador Ferido. A psicoterapeuta britânica Alison Barr pesquisou esta ambivalência - o significado das feridas psicológicas em pessoas que decidem se tornar conselheiras ou terapeutas: 74% dos cuidadores experimentaram uma ou mais experiências de feridas internas que foram decisivas na escolha da carreira|profissão.

A TERAPIA (MINISÉRIE, 2023)

A peça alemã é baseada no best-seller de Sebastian Fitzek:

O Dr. Viktor Larenz enfrenta o desaparecimento inexplicável de sua filha Josy. Refugia-se em Parkum, uma pequena ilha, onde conhece uma misteriosa jovem, Anna Spiegel.

Os episódios são entrecortados em ambientes opressivos, tramas e subtramas, de forma absolutamente convidativa e envolvente e desafia à compreensão do que é real ou delírio de uma mente esquizofrênica – roteiro num ritmo sob medida, montanha-russa de tirar o fôlego!

Stephan Kampwirth é perfeito; os coadjuvantes Trystan Putter e Helena Zengel - Dr. Roth e Josy, respectivamente, entregam boas performances. A história expõe com rara maestria a complexidade da mente humana. By Geraldinho Farias