No best-seller “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus”, Jonh Gray descreve as diferenças entre homens e mulheres, como se tratando de dois planetas diferentes, implicando casais em compreensão e respeito. Tal exposição bem serviria para aludir sobre religiosidade e saúde mental – a propósito do Janeiro Branco.
Impressiona o grau
de ignorância em que muitos ciclos religiosos resistem ao reconhecimento de que
não há espiritualidade sadia sem saúde mental. Dois episódios desta
idiossincrasia: Em novembro passado o filho da “estrela” gospel J. Neto
desistiu. Não demorou muito para que o artista trocasse culpabilidades e
responsabilidades com a ex-esposa – em público, e da pior forma. Parecia que o
infortúnio – a perda de um adolescente de 15 anos, tornou-se evento menor ante
as relações bélicas vividas pelos pais. Noutro, a “Irmã Carla”, no ocaso de
2024, escolheu o templo em que frequentava, uma Assembléia de Deus em
Paulista-PE, para pôr fim à sua jornada. De imediato as pessoas do entorno passaram
promover discussões funestas sobre a eternidade dela: Onde, como e com quem
estaria post mortem??? Acalorados questionamentos prevaleceram sobre a
compaixão para com familiares e amigos enlutados...
Transtornos, crises
e adoecimentos psíquicos, inda beiram a espiritualização, apesar de vivermos na
Idade Mídia. Nesta série tenho denunciado esse “outro” planeta habitado por
muitos cristãos, seus líderes e paróquias inteiras, recortados da realidade,
blindados por frases de efeitos, repletos de mantras e clichês evocando Deus,
curas e que tais.
Impressiona o
número de cristãos e suas famílias absolutamente adoecidos e transtornados, a
associar a aceitação de ajuda a uma fraqueza na fé ou desvio. “O Fulano se
converteu, agora é da igreja tal”, “Beltrano agora é cristão”, “Cicrano se
batizou”. Foi-se o tempo em que a decisão de alguém em participar de uma
paróquia/igreja/religião resultava em segura alegria e paz. Não é incomum que
recentes proselitos sejam potenciais desencantados - ou desigrejados - num futuro
breve.
A religiosidade não
deva ser irresponsável somente preparando pessoas a viverem o céu,
desconsiderando as demandas e dilemas da/na Terra. Ao se converter a um Credo o
indivíduo não passa a viver em Júpiter, Saturno ou Urano.
Líderes
responsáveis promovem a “sã doutrina” – porque existem doutrinas insanas:
Aquela promove saúde e maturidade, esta, faz adoecer e transtornar. Espaços de
cultos e grupos eclesiásticos sirvam para promover saúde, para além de janeiros
brancos e setembros amarelos. (Publicado originalmente em 02/01/24)By Geraldinho Farias
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