CONJUGALIDADE X INVASORES DE ESPAÇO

Invasores de espaço desidratam relações. Refletir sobre os riscos daquilo que pode se interpor à conjugalidade deve receber a devida reflexão e ação preventiva do casal.

A conjugalidade é o ponto fulcral das relações familiares. Fulcro é a base, o sustentáculo, o fundamento. O casal começa junto e... Termina junto. Entre um e outro

movimento, vivem as experiências das mais diversas incluindo as transformações decorrentes da paternidade e maternidade, mudanças das mais profundas decorrentes do processo de amadurecimento.

E é neste interstício, espaço, do início – casamento, à maturidade que devemos cuidar para que os invasores de espaço não arrefeçam, não desidratem, não corroam a intimidade.

Há muitos invasores do espaço conjugal. Apresento alguns:

Algum da família. São aqueles|as que interferem em excesso. Participam demais e de forma exaustiva. Excedem em palpites, conselhos, como que “guiando” ou “controlando” o casal ou um dos cônjuges. O folclore legou às sogras a figura mitológica da invasora. É o que chamo de “Sogra Vamp”. Se posiciona por dentro da conjugalidade, não solta, não deixa o casal se desenvolver. O que tem levado a um “2 x 1” perigoso. Com o tempo, a mais bem intencionada das “presenças brancas” na conjugalidade submeterá o casal a conflitos absolutamente evitáveis. 

Navegação. “Navegar é preciso”, disse o sábio. Usuário compulsivo das redes sociais oferecem um deserto de companhia para o cônjuge relegado à 2º plano. (Nanofobia = o vício em celulares).

Hobbies Inconvenientes. Um hobby – atividade recreativa, social, esportiva- praticada por alguém não é um mal em si mesmo. Mas quando há abusos e o indivíduo é “sequestrado” do outro... Torna-se um “invasor.”

Filhos. Das maiores controvérsias. Quando um dos cônjuges posterga, quando não evita a natural autonomia dos filhos, impedindo que os mesmos vivam uma vida de independência, eles, os filhos, se tornam os “invasores”. Em muitos casos o fenômeno do “ninho vazio” é sofrível por conta de um dos pais não aceitar sua desnecessidade. Ao viver intensamente a vida dos filhos, “pais helicópteros” sonegam a prioridade que a conjugalidade exige.

Ativismos. Às vezes é um investimento de tempo em demasia nalguma atividade e até mesmo com justificativas voluntariosas e razoáveis. A atividade esportiva compulsiva impõe violenta diminuição do tempo na|da atividade conjugal.

E um dos mais flagrantes casos de ativismos que conspiram contra a conjugalidade é a religiosidade. Casais demasiadamente envolvidos, exaustivamente comprometidos em demandas da igreja na qual militam... De sorte que já não nutrem uma recreação a dois, racionam tempo para os filhos... Dos chocantes contraditórios da relação igreja x famílias. Não são incomuns as narrativas daqueles que naufragaram no casamento tendo como epicentro o mergulho sem critério, a agenda completamente tomada por aqueles imperativos que deveriam contribuir para equilibrar as relações: Hiperativos costumam pagar caro o preço do desequilíbrio impostos pelas engrenagens de ministérios e igrejas.

"Cansei. Ele me trocou por outra", dizia exausta aquela mulher piedosa, crente, dedicada mulher e mãe. "Me traiu com a igreja. Para ela, dá seu tempo, sua energia, seu dinheiro... Pra mim  e nossos filhos, nunca tem tempo; parece que estamos atrapalhado sua vida". Aquele jovem, reafirmando suas convicções religiosas e justificando seu amor pelo Sagrado, sonegava sua presença aos seus. Foi tragado pelo ativismo sem limites.

Me lembro de filhas (desigrejadas) a reclamar que, desde que os pais entraram para determinada igreja, havia 13 anos(!!!) que não almoçavam juntos aos domingos... Havia sempre uma agenda dos pais cristãos. Dizendo-se "órfãs", as 3 irmãs nutram graves ressentimentos contra a igreja e seus pais.

(Nas megalópoles o trânsito asfixia o tempo cada vez mais diminuto da conjugalidade. A dupla, às vezes tripla jornada profissional já sinaliza uma diversidade de invasores... Que se multiplicam!)

Uma das fases que mais exigem equilibração é a chegada de um bebê, o que implica a atenção quase integral da mãe. É aí que a parceria do conjunge torna possível o cumprimento da missão: Ele deve depositar afeto para que a esposa tenha saldo a cobrir os saques efetuados pelo bebê.

Aqui não há nenhum recomendação para que se que não se isole do familiares, não use a Internet... Mas que não se permita que a conjugalidade seja vítima de inversão de prioridades, relegando o outro a segundo plano.

É compreensível que por um período haja um investimento sacrificial na carreira ou nos estudos. Todos passamos por isso. Que seja por um período, que haja participação. E que as partes sejam sensíveis em proteger a intimidade até que a fase seja superada.

A equação é simples, mas requer absoluta vigilância e prevenção: Nada, absolutamente nada e nem ninguém deve obstar, arrefecer, ameaçar, mediar, sequestrar, separar... A sagrada conjugalidade. Descuidar ou subestimar os efeitos dos “invasores” da intimidade conjugal à médio ou longo prazo é flertar com uma corrosão evitável e de efeitos nocivos imprevisíveis.

Quanto ao "estranho no ninho", o intruso, o "penetra"... Pensemos agora: Qual destes ou outros invasores estão instalados em nossa família e quais providências devemos tomar de imediato??? By Geraldinho Farias

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