VOCAÇÃO E VOCACIONADOS - APONTAMENTOS
Com muita alegria e gratidão e pela misericórdia do Eterno trago consigo experiências indescritíveis sobre o direcionamento para aqueles(as) que se apresentam para serviços específicos no Reino de Deus.
São 20 anos investidos em preparar vocacionados para ministérios diversos – especialmente o pastoral e missionário. Muitos estão em campos diversos, servindo, frutificando, ganhando vidas e edificando igrejas. 22 anos ininterruptos na sala de aula – transmitindo conhecimento, aprendendo muito mais, encaminhando e orientando. Jovenzinhos, casais, famílias inteiras que se apresentam para melhor se preparar. Muita satisfação e alegria em saber que o Senhor da Seara nos usa para a Sua glória.
Hoje mantemos amizades sinceras no interior, em estados brasileiros e alguns, no exterior. Com o tempo, acumulando experiências, a gente vai vendo, antevendo, advertindo, orientando – sempre que o indivíduo se permite ou é permeável à orientação. Como diz o sábio: “Onde não existe conselho fracassam os bons planos, mas com a cooperação de muitos conselheiros há grande êxito” – Pv 15.22
Errei muitas vezes; precipitei-me noutras; a gente se envolve, investe, aposta, doa tempo e compartilha, mas... Nem sempre aqueles a quem investimos compreendem os passos, etapas e necessários direcionamentos. É surpreendente que algumas pessoas a quem não nutríamos grandes expectativas, frutificam e vão além. E aquelas que, apesar da condição, digamos mais privilegiada, estacionaram.
Olhando para trás temos: Aqueles que pulam etapas e, apressados, são mencionados como que “poderiam ser”... Mas não o são, não serão. Poderiam ser melhores aproveitados não fossem a pressa em ser. Mestres de si mesmos não prosperam.
Outros, seduzidos por um glamour ou posição, apegados a títulos ou atraídos por um “emprego” de destaque (enfim...), se empenham por meios pouco éticos. Ocupam espaços mas o Senhor não os usa.
Há aqueles que dão problemas em ministérios e igrejas – porque já foram com conflitos internos, instáveis... Deram e dão prejuízos ao povo de Deus. Vocação é coisa séria! (Alguns são exemplares coerentes, onde passam, deixam rastro de confusão e relações bélicas).
Tem aqueles que desistiram, não aguentaram o “tranco” – espanaram diante das turbulências que fazem parte do ministério. Cito também os que foram para o ministério sem a devida atenção na escolha do cônjuge: Servem com dificuldades... Não conseguem se doar a contento. Esposa de pastor não é “pastora”, mas, o vocacionado não deve desconsiderar uma experiência conjugal peculiar.
Enfim. Quaisquer que sejam as aspirações de um vocacionado, algumas considerações são imprescindíveis em minha míope visão:
- O tempo é de Deus, os recursos são de Deus. Você pode querer se apressar, pular etapas, mas saiba, nada como o tempo de Deus e Seus planos!
- A ideia de que o chamamento é uma experiência mística baseada tão somente no relato do candidato ainda que usual é risco dos grandes! O chamamento é confirmado pela igreja, povo de Deus! As pessoas confirmam nossa vocação. Ponto.
- Ministério não é carreira profissional ou emprego. É vocação, serviço e doação às pessoas. Quem se apresenta apegado às coisas desta vida – status, carreira, embaraçado com os negócios desta vida etc. não está apto. A gente se adequa, se adapta à agenda de Deus, não o contrário!
- Não se concebe vocação fora da igreja. Em At 13 o comissionamento de Saulo e Barnabé acontece, é gerado, é gestado no seio (dentro, no interior) da igreja. É pela igreja e em função dela que a vocação acontece.
- Há os desinformados que acham que a vocação é uma “consagração” do curso de Teologia. O Curso é imprescindível, aliás, mais que o curso. Mas este não substitui ou supre a experiência no cotidiano da comunidade; o acompanhamento e pastoreio com um líder – mentoria, sim! Isto é, a formação acadêmica não dará o que somente a vivência da igreja e sua liderança propiciará!
- Paulo e Timóteo é o protótipo de como Deus usa um sênior para aprimorar um júnior. Simples assim. O fato de não sabermos tudo e não acertamos sempre justifica a submissão a um mentor.
- Conheci muitos que reclamam da “carga”. No período de formação – estudando, trabalhando, alguns até com família – se insurgem contra o batente da paróquia, alegando que não tem tempo. Ora, pois... Se há um período em que o vocacionado deve ser “espremido” é justamente durante seu estágio. É nisso que constatamos sua resistência ou não, sua resposta a contrariedades ou não, sua capacidade de mediar conflitos ou não... Lamento que até nesta seara, ouço o tal “mi-mi-mi.” Os da nova geração devem saber que “machado afiado corta melhor”. Na minha época era biblioteca, máquina de escrever, pesquisa folheando páginas, cara-pálida! Hoje é Google... Faça-me o favor!
(Se um jovenzinho se dispõe a trocar a roda do carro andando e com satisfação... Observe-o melhor!)
- Não há melhor laboratório para uma vocação que a igreja local ou o campo onde o vocacionado serve. Eximir-se, omitir-se da labuta é colocar em dúvida o que afirma possuir: Servir. Marina, minha esposa, sempre disse: “Não espere a consagração do vocacionado para ver seu serviço. Ele deve servir e frutificar hoje, agora... O primeiro a chegar, o último a sair; aquele que fecha as portas e apaga as luzes; todos podem faltar menos ele; todos podem atrasar, menos ele.
- Para servir, liderar, cooperar em qualquer área todo o preparo é pouco. Nunca como hoje exige-se novos processos de ensino-aprendizagem. O homem de hoje é um grande desafio. (Pois aqueles e aquelas que minimizarem as diversas demandas do hoje, não se reciclando, estacionando, não se atualizando, prestam desserviço às pessoas, passíveis de deslizes evitáveis.
- Arrogância, rebeldia e independência não combinam com o vocacionado, ou quem se diz ser. Humildade, submissão, temor a Deus e consideração à igreja e ao pastor, sim... Tem tudo a ver! Vocacionado é sempre parte da solução, nunca, nunca, parte do problema. Tem que cara que se apresenta para liderar como um oficial, mas que não se submete a quem quer que seja.
- Todos somos vocacionados. Todos. Alguns mais especificamente se identificam. Nunca é tarde para se situar. Por isso, ouvir mais, sempre e melhor.
- Cuide-se sempre. Nossa autoridade não vem de discursos ou aparente piedade. Nem de um título acadêmico. Caráter, pureza, devoção, ética, verdade... Isso nos mantém e confere crédito ao que fazemos.
- Ouso afirmar: A vocação nunca, jamais, em hipótese alguma... Acontecerá sob condições favoráveis e confortáveis para aquele(a) que se apresenta ao serviço do Mestre. Está esperando o melhor e mais confortável momento, a melhor condição para se apresentar??? Não se iluda: Está perdendo seu tempo; Moisés não sabia falar; Gideão ficou com apenas 300; Davi foi o último a ser escolhido; Moisés foi pressionado por seus asseclas... Porque é o Senhor quem chama, prepara, providencia recursos, sustenta e fortalece para seguir!
Não faltam indivíduos contados entre os vocacionados que torcemos para
que estejamos errados sobre o futuro deles e da obra que realizarão. Por outro
lado, ao receber notícias dos campos missionários, de igrejas longínquas, de
colheitas das mais diversas, frutos em vidas ganhas e reconciliadas, louvamos a
Deus por vidas inspiradoras! "O sentido da vocação é o sentido
superior do homem... Dia memorável na vida de um homem é aquele em que ele se
convence de que há um serviço que ele deve e pode prestar à sua pátria ou à sua
época". (Jonh Mackai) By Geraldinho Farias
Realmente uma análise sob Ótica de quem presta e vive esse sacerdócio! Texto rico e inspirador. Digno de leitura e aplicação !Parabéns !
ResponderExcluir