HOTEL TRANSILVÂNIA 3: ANTÍTESES
Hotel Transylvania é uma série de
animação norte-americano de 2012 produzido pela Sony Pictures
Animation e distribuído pela Columbia Pictures. Dirigido
por Genndy Tartakovsky.
O Hotel Transilvânia é um resort cinco estrelas que serve de refúgio para que os monstros possam descansar do árduo trabalho de perseguir e assustar os humanos. O local é comandado pelo Conde Drácula, que decide convidar os amigos para comemorar o 118º aniversário de sua filha Mavis. Mas... Jonathan, um humano sem noção, aparece no local justo quando o hotel está cheio de convidados e, ainda por cima, se apaixonasse por Mavis, sua filha.
Em 2015 o filme ganha sequência: Após o nascimento de Dennis, - Filho de
Mavis e Johnny - Drácula fica preocupado com a possibilidade do neto ser um
humano e passa a submete-lo a testes para virar um vampiro de verdade enquanto
seus pais estão em férias...
Neste 2018 a sequência consolidou o enorme sucesso sob o subtítulo:
Férias Monstruosas. É sobre o 3º. Desenho que me ocupo neste espaço. Solitário
e infeliz, buscando um novo amor na internet, Drácula é surpreendido com um
presente da filha: férias num cruzeiro. Inicialmente resistente à ideia, mas
acaba curtindo o passeio ao se encantar pela comandante, que, no entanto,
esconde um segredo perigoso.
Sou crítico daqueles que, sob a lupa da religião atacam obras de
qualquer natureza seja denunciando como “do mundo” em contraste com a Teologia,
ora vendo “mensagens subliminares” contra a educação, a família e afins. Isso é
comum em muitos ciclos religiosos. Repito, sou crítico do víeis que evita todo
e qualquer forma lúdica de peças muito bem produzidas que encantam crianças a
pretexto de denunciar o que somente adultos vêem (ou acham que vêem - alguns
forçando associações).
Deixo aqui meu encantamento: A grife faz rir em muitos momentos, os
efeitos são sensacionais... A indústria se supera a cada obra mais contornada
pelos ilimitados recursos tecnológicos. Mas... A proposta do enredo foge de
qualquer sutilieza. E encaro o embate ideológico. A seguir apenas os
contraditórios em desfile no enredo, entre piadas rápidas e surtadas...
- O Senhor das Trevas “querendo um tchan", isto é, querendo amar
alguém. O Senhor das Trevas... Amando! Nada mais contraditório.
- A Família inteira reunida num Cruzeiro das trevas, sob a noite ou
trevas permanente cria um ambiente surreal onde a ideologia é reafirmada:
"Humanos - monstros qual é a diferença?". A indústria é importante
meio para a igualdade entre os gêneros monstros e humanos (!).
- Quando salva Éricka diversas vezes, sob as ruínas da Roma antiga,
outro paradoxo: O Mal salvando? Então, não é tão mal assim... Ericka diz para
seu bisavô, Vom Helsin: "Você tem que parar (de eliminá-los) você está
enganada sobre os monstros (especialmente sobre o Senhor das Trevas...)".
- Aqui, a típica tentativa de confusão de conceitos: "O Tchan é uma
coisa de monstros", diz o Senhor das Trevas. “O Tchan nunca mente”, diz
Mavis, filha do Drac. Sobre a origem e a caracterização do amor, sabemos.
- "Eu manjo de som, mas vc é quem tem o poder!", diz o Dj
Jonathan para o Senhor das Trevas. Ao final como a música é poder estratégico
na disputa cósmica entre a luz e as trevas, o bem e o mal. Enquanto se ri,
embalados por Macarena, as (in)diretas estão lá.
- O capital não ficaria de fora das tratativas do Malígno: Com Helsin
para se redimir de sua tentativa de abater os monstros, oferece reembolso total
das férias no Cruzeiro. Afinal, tudo neste mundo (no deles) paga-se pela
remissão.
- A proposta é um"laço familiar indestrutível", explicando o
"tchan" e a fusão do Drac com um humano; Éricka ao final se torna
aliada ao Drac. "No fundo somos todos iguais" diz o Senhor das
Trevas. No final triunfal, temos uma cena simbólica: O casamento de Éricka
(representativo da humanidade) não sem propósito de branco - paz, pureza... Com
as trevas! Nada sutil.
Resumo: O roteiro apresenta antíteses. O Mal bondoso, que até mesmo
salva, livra a humanidade. Yin Yang é um princípio da filosofia oriental,
as duas energias opostas...
A hipótese do Senhor das Trevas amar. Sua natureza é Má. E se casar com
a humanidade, quando seu plano é destruí-la.
Não há desenho que não seja um mediador ou promotor de ideologias. Mas,
especificamente este é o reflexo de uma sociedade pós-cristã. Muito
interessante e instigante de como a luta cósmica está presente sob a roupagem
lúdica de personagens engraçados; ou... Numa doutrinação para adultos.
A graça - cores, efeitos, gags - não deve prevalecer sobre a desgraça -
ideologias, distorções, fakes...
Aquele(a) seguidor do Cristianismo é desafiado a afiar seus conceitos|teses sob
o confrontamento das antíteses. Assista ao desenho para ter uma avalização
lúcida sobre o lúdico. Afinal, pondero sobre religiosos ali que vêem monstros
em tudo. Mas... Há os que não vêem monstros em nada. Precisamos discernir. Aqui
há mais que monstros... Para os cristãos serve antes, para advertir, não para
divertir. By Geraldinho Farias
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