quarta-feira, 26 de junho de 2013

ESFRIAMENTO GLOBAL

Muito se alardeia sobre o aquecimento global. Há movimentos em todo o mundo que anunciam um cenário apocalíptico – emissão de CO2 crescente, queimadas desenfreadas, desmatamento em alta escala o que tem aumentado a temperatura da terra e derretido geleiras nos polos.

Conferencias mundiais são realizadas como a Rio/92, Kioto/97 e recentemente Kopenhague/09. Nações desenvolvidas e poluidoras são cobradas por ativistas,
especialmente a ONG Greenpeace.

Paralelo a este cenário, denuncio o fenômeno que denomino “esfriamento global”. Ainda que tenhamos prognóstico que os últimos dias seriam “dias difíceis”, em que “muitos apostatarão da fé”, o esfriamento tem sido crescente, atingindo pessoas, famílias inteiras e comunidades. E deve ser objeto de nossa resistência.

Hábitos simples, como reunião de famílias tem sido deixado de lado. Familiares se encontram cada vez menos. Aponta-se a “falta de tempo”, afazeres cotidianos etc. Cada família deveria pelo menos nalgumas vezes por ano alimentar e sacrificar compromissos pessoais pela saudável reunião fraternal em e entre famílias.

Comunidades cristãs tem apostado cada vez mais na elaboração de programas. Eles devem acontecer, mas, não substituem a vivência, convivência. Eventos devem, sempre, ser meios e não fins em si mesmos. E os líderes devem avaliar o quanto atividades-meios resultam na vivência fraternal da comunidade. A louvação dá o tom em detrimento da qualificação relacional das famílias e do investimento missionário. Deveríamos viver aquela sem relegar estas.

As redes sociais são menos “sociais”, nunca espirituais, e mero entretenimento. A conexão virtual tem assumido uma importância que, invés de aproximar, tem apartado cada vez mais as pessoas, afinal, um acesso através da fibra óptica jamais deve substituir uma vivência. Se seu amigo está celebrando aniversário e, a primeira idéia que lhe vem à mente é o click “curtir”, então, você sucumbe à fragmentação. A primeira iniciativa deveria ser o abraço; na impossibilidade, uma ligação – ao menos a voz; mas, um click tem sido a única, distante e superficial manifestação.

As camaradagens vivenciais tem sido substituídas por clichés religiosos, rituais e “coreografias de adoração”. A philadelfia é antes uma retro-alimentação recíproca de vivências boas e ruins. A partilha, segundo o Cristo, é o verdadeiro sintoma da koinonia. É via de mão-dupla. Não deve ser amizade onde só um lado ganha. Não devemos sonegar o abraço, sabotar a alegria do outro. “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”. O que tem sido mais difícil: Alegrar-se com os que se alegram ou chorar com os que choram? Em ambientes cada vez mais materializados, coisificados e de “relações líquidas” a alegria pela alegria alheia tem sucumbido a comparações, invejas e que tais. Voltemos à simplicidade do Evangelho!

“A fé vem pelo ouvir a Palavra”. Mas, se a prédica tem sido pálida, superficial, sem fundamentos bíblicos, o resultado é a anemia, palidez espiritual. Discursos generosos de quem não confronta, não norteia, não intervém através da pedagogia bíblica na vida das pessoas tem gerado religiosos (d)eficientes ou tecnocratas da fé. Mesmice e rotina não desafia, não motiva, não lega iniciativas e avivamentos. Quando o amor do Cristo não mais constrange, nossa missão é esquecida.

Catequizar para adesão é diferente de doutrinar para a vida. Um “adepto” da igreja é diferente de um novo convertido cuja vida está sendo revolucionada por sua convicção; a prova está na vida nova, conduta e pensamentos novos! Doutra forma irá abandonar a grei achando-se “crente não-praticante”...

Ativismo vazio, produtividade x piedade fraternal, ser e viver igreja. Indiferença x diferença na sociedade. Eventos, programas, cardápio urbano x igreja, comunidade missionária. Entretenimento para ocupar x Evangelismo para transformar. “Há caminhos que para a igreja parece direito, mas seu fim são os caminhos do esfriamento”. 

Não viso esgotar o tema. O esfriamento global é flagrante no arrefecimento da missão: A plantação de congregações, embriões de igrejas está em franco declínio em muitas regiões. Há retração – no (cada vez menor) Grande ABC, região que vivo, a organização de igrejas/ano nas últimas décadas constrange. Lares qual freezers; instituições quais Antártidas, num inverno permanente. E me confesso,  vítima. Fica aqui uma denúncia e confissão. By Geraldinho Farias

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