terça-feira, 11 de junho de 2013

EDUCANDO PARA A RESPONSABILIDADE

Que seus filhos desenvolvam senso de responsabilidade é uma das maiores preocupações de todos os pais. O assunto requer, evidentemente, tratamento muito mais amplo do que este espaço permite; no entanto aqui vão algumas recomendações que vale a pena ter em mente:

Atribua responsabilidades levando em conta a idade da criança. Muitos problemas com relação à responsabilidade decorrem de colocar sobre seus ombros tarefas que elas, por uma questão de imaturidade, ainda não tinham condições de executar. À frustração pelo fracasso, podem ainda se acrescentar censuras ou mesmo castigos que ferem profundamente sua auto-estima. Não é de admirar que mais, tarde  fujam de situações que se assemelham àquelas que lhes custaram tão caro.

Seu filho precisa de proteção; mas evite os excessos.
O cuidado excessivo dos pais impede a criança de experimentar suas próprias forças e de aprender com seus erros e acertos. Vai se sentir, depois, incapaz de se encarregar de tarefas que, para os demais, são corriqueiras. Conheço poucas coisas tão prejudiciais à formação da personalidade de uma pessoa quanto a superproteção; ela atua cirando uma sensação de incapacidade difícil de superar, até mesmo porque o indivíduo acredita que essa é a sua própria natureza e raramente procura auxílio para mudar. É claro que a superproteção pode acontecer em diferentes níveis, com consequências leves ou graves, mas é sempre prejudicial no que se refere a assumir responsabilidades.

Ajude seu filho a aprender a lidar com suas emoções. Hoje em dia fala-se bastante em “inteligência emocional” e, de fato, ela é muito importante para uma pessoa sair-se bem na vida. É preciso acreditar e transmitir à criança que tudo o que ela sente é perfeitamente normal, embora ela possa e deva lidar com esses sentimentos para não ser controlada por eles. Por exemplo, se a criança fica zangada com um irmão menor e bate nele porque este estragou um brinquedo, é preciso mostra-lhe que sentir raiva é perfeitamente normal (ver, por exemplo Efésios 4.26 “Irai-vos e não pequeis”) mas nem por isso pode bater nos outros. Ele deve aprender que controlar os impulsos não é o mesmo que reprimir os sentimentos (o que pode trazer problemas emocionais) mas sim perceber que, mesmo sentindo uma emoção forte, não precisamos nos deixar arrastar por ela.

Não ter controle sobre os sentimentos e acreditar que esse controle é impossível é um dos grandes problemas de nossa época e um dos grandes fatores relacionados à dificuldade dos jovens de assumir responsabilidades. Os meios de comunicação divulgam  constantemente a idéia de que o indivíduo é uma vítima passiva de seus impulsos sobretudo quando se trata do amor. Se uma paixão acontece, não há o que fazer se não ceder a ela, mesmo que às custas do desmantelamento de famílias e do sofrimento de filhos e cônjuges...

Jamais dê castigos nem prêmios à criança por comportamentos que devem ser de interesse dela.
Aqui está um dos pontos mais delicados, que se manifesta de forma especial no que se refere aos estudos. Precisamos, antes de tudo, ter em mente que há áreas em que a criança não pode ter escolha e outras em que ela deve ter o direito de escolher (é claro que levando em conta sua idade e capacidade) porque as consequências recairão apenas sobre ela. Ela não pode, por exemplo, tocar música em alto volume em um momento em que tem gente dormindo; também não pode deixar de cumprir horários ou realizar certas tarefas se isso prejudicar outras pessoas. E isso precisa ser-lhe bem explicado.

Agora veja, assumir responsabilidade por algo ou alguém envolve sempre duas condições: ter interesse por e ter controle sobre. Logo, é vital suscitar o interesse da criança por aquilo que consideramos importante na vida, bem como ajudá-la a entender a possibilidade, os meios, o alcance e as limitações do seu controle.

Assim, no que se refere aos estudos, o papel dos pais está em criar em casa uma atmosfera de interesse  por assuntos culturais, acompanhar o desenvolvimento da criança na escola e compartilhar com ela alegrias e tristezas por sucessos ou decepções. Mas nunca castigar nem oferecer recompensas por tirar boas notas ou passar de ano; fazer isso é transmitir a mensagem de que ela está estudando para atender a vocês pais e não porque isso é bom e importante  para ela mesma. Se uma criança captar essa mensagem, seja ela verdadeira ou não, poderá, por um lado, sentir-se sobrecarregada pela idéia de que o bem-estar de seus pais depende do desempenho dela nos estudos e, por outro, aborrecida com as tarefas escolares porque as verá como desagradável imposição que os pais lhe fazem.

As mesmas considerações podem ser feitas com relação às questões religiosas; precisamos, por nossas atitudes, mostrar o valor das coisas espirituais e criar no lar um ambiente que reflita a presença de Deus além de demonstrar que nos interessamos pelo desenvolvimento espiritual da criança.

Cabe aos pais incentivar seus filhos a práticas como a leitura da Bíblia , a oração e a freqüência à igreja; mas puni-los ou recompensá-los por fazer isso transmite-lhes a idéia de que se trata de algo do interesse apenas deles pais e prejudicará que mais tarde assumam a responsabilidade e o compromisso com a fé.

Para quem se interessar em ler mais sobre o tema, recomendo o livro “Educando Filhos Responsáveis – Como evitar a culpa e a tolerância excessiva e criar filhos conscientes” de Elizabeth M. Ellis, Editora Ática, 1997. By Rev. Zenon Lotufo Jr. é pastor da Igreja Presbiteriana Independente, psicoterapeuta, CPPC e professor. (Nov/03)

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