segunda-feira, 5 de julho de 2021

NEM ANJOS, NEM SUPER-HERÓIS

As cúrias da França e Irlanda nos últimos anos tem se debruçado sobre um fenômeno trágico: A morte auto-provocada de alguns de seus párocos. O fenômeno não é exclusividade de padres – pastores, pela simbologia da função, repercute de forma avassaladora sempre que ocorre.

Em novembro de 2016 os padres Rosalino Santos, 34 (Corumbá|MS), Ligivaldo dos Santos, 37 (Salvador|BA) e Renildo Maia, 31 (Contagem|MG) finalizaram as próprias jornadas. Foram 17 padres que suicidaram no Brasil entre 2017 e 2018. Tragédias que inundaram Boqueirão do Leão|RS e Volta Redonda|RJ, nestes 14|02 e 21|03, com as mortes do Pe. Paulo Mayer, 54, e do Pe. Olímpio Velazco, 59, respectivamente.

Em Minas Gerais o Pe. Adriano Henrique Pereira, 32 (imagem) - natural de Rubelita, formado em Montes Claros, ordenado em 2017 e que nos últimos anos liderava a Paróquia N. S. Imaculada Conceição de Novorizonte - faleceu neste dom|04|07...

Altas expectativas da espiritualidade ideal se despedaçam ante a realidade e pressão por resultados: Pregar sobre o céu e gemer com dilemas da terra impõe pathos psicológico contínuo para os “profissionais do sagrado”. 3 em 5 experimentam Burnout - o esgotamento profissional (Mézerville - "O Desgaste na Vida Sacerdotal", Paulus).

Urge uma revisão sobre processos de formação de vocacionados para lidar com as demandas do Século.

Que não se cultive uma santidade divorciada da sanidade - reféns de uma espiritualidade de produtividade ou agendas autofágicas.

Se cuidem e sejam cuidados – que nunca se percebam na solidão dos rituais! Que não negligenciem a própria saúde ou o sábado (descanso) - ministros acima do peso, sedentários e hipertensos, uma combinação perigosa. (Há ainda muita resistência de religiosos por socorro e uso de recursos dos profissionais da saúde mental). A maioria dos ministros atuam sob condições mínimas a equilibrar-se numa dupla|tripla jornada.

As tragédias desnudam que pastores não são anjos ou super-heróis – necessitam, como quaisquer humanos, de acolhida, afeto, e companheirismo. Não há fé imunizante contra as turbulências da vida. Oremos! By Geraldinho Farias 

Um comentário:

  1. Morto-Vivo
    A letra da musica de conhecimento e domínio popular Morto-Vivo diz:
    O jogo já começou,
    Quem der bobeira vai ter que sair...
    Vivo! Vivo! Morto! Ihh dançou
    Exige concentração,
    Mexeu errado não tem jeito não.
    Estou de olho esperto em você.
    Quero saber quem vai ser campeão!
    ... Vivo! Morto..., Uhh saiu!

    Tem menos gente agora.
    Quem tá de fora até pode ajudar (julgar)!!!!!!
    Pra ver se alguém pensou em levantar...
    Vamos lá, vamos lá - Vivo! Vivo! Morto!
    Morto! Morto! Morto! Ihh saiu. Morto-Vivo!
    A letra da musica é clara em fazer uma apologia ao que é forte e uma depreciação ao que é fraco (diferente). – ‘‘Quem der bobeira vai ter que sair... Mexeu errado não tem jeito não... Tem menos gente agora. Quem tá de fora até pode ajudar (julgar). Morto! Morto! Morto! Ihh saiu - Morto-Vivo!”
    Do mundo grego herdamos muitas coisas, palavras como: olimpíadas, erótico, democracia, academia, etc. Os gregos nos legaram também elementos culturais, tais o culto ao corpo e de maneira geral ao perfeito, ao forte. O forte era bom, o fraco era ruim, diziam e defendiam eles.
    Esse legado é muito notado no mundo cristão, sobre tudo no ambiente do episcopado. Se um ministro admitir uma fraqueza, ou pior, resvalar o pé por conta da mesma, será julgado, condenado e sentenciado sumariamente pela própria agremiação, que diz ter puder para tanto – “Quem der bobeira vai ter que sair... Mexeu errado não tem jeito não”. Ai talvez esteja à resposta não para a justificativa, mas pelo menos para a explicação de tantas desistências não só do ministério, mas da própria vida. O medo e a vergonha á exposição leva a tal desesperança. A falta de confiança, ou melhor, a certeza que será rechaçado, banido ao invés de acolhido, refugiado, tratado e curado pelos seus colegas, inclusive em erros (e pecados ocultos), os afugenta, os repele. Ser fraco, ou admitir fraqueza no meio religioso, assim como era no mundo grego, é ser considerado fraco, sem valor; portanto deve ser ignorado, excluído, o que leva a desistir da vida. É como estar VIVO, embora esteja MORTO. Por isso muitos preferem estar MORTO que VIVO. Mas graças a Deus por nos fazer lembrar que não NEM ANJOS E NEM SUPER-HEROIS. Mas a saída ainda é admitir nossas fraquezas e encontrar sabedoria e forca em Deus para supera-la.

    II Corintios. 12.7-10

    Vivemos numa sociedade que idolatra o sucesso, as pessoas são respeitadas por aquilo que conquistam. Ser vitorioso é possuir todas as coisas que o coração humano possa desejar. Mas, a Bíblia nos ensina algo importante: A fraqueza humana é a oportunidade que Deus usa para operar eficazmente em nosso caráter, e isto:
    I – Porque ela trata minha vaidade. Vs.7..
    E, para que não me ensoberbecesse...
    Paulo entendia que por mais intimidade que tivesse com Jesus, ele precisava continuar humilde, pois tudo que era e tinha era fruto da graça.
    II – Porque ela revela o poder de Deus. Vs.9
    Porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...
    O apóstolo nos ensina que nem sempre recebemos a resposta que queremos de Deus, e isto, porque Ele deseja tratar nosso caráter. Nossas limitações são instrumentos de Deus em nossa vida.
    III – Porque ela me faz depender de Deus. Vs.10
    Porque quando sou fraco, então é que sou forte...
    Entendendo o agir de Deus em sua vida, o apóstolo revela conhecer em sua experiência, o princípio divino de usar os fracos, para que a glória seja d’Ele.

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