DISCIPULADO, ACONSELHAMENTO E MENTORIA

De tempos para cá a expressão mentoria-mentorear tornou-se comum e popular. E devemos saber do que se trata. Usualmente confunde-se com outras práticas e ações importantíssimas e necessárias, todavia, sua banalização tem frequentemente gerado certa confusão quando não distorção sobre seu significado.

O discipulado é parte da missão do Cristo à sua igreja (Mt 28.19,20). Jesus formou discípulos e deu a ordem de formar mais

discípulos. A conversão é a etapa inicial da vida em Cristo. Para que o convertido seja fortalecido e treinado rumo à maturidade, é imperativo ser acompanhado por outro, reprodutor.  Discipular é manter um relacionamento em que há transferência de valores e fortalecimento na fé, visando que o outro discípulo faça o mesmo com outrem. O discipulado é um ministério natural nas engrenagens eclesiásticas.

Aconselhamento (do inglês counseling) é um processo de interação entre duas pessoas visando fornecer recursos para tomadas de decisão, orientação sobre dilemas e discernimento em horas de crises. Há comunidades que treinam pessoas para atuar nas mais diversas áreas do counseling – profissional, conjugal, vocacional etc. Há dons que dão contornos da prática de aconselhamento – discernimento, palavra de sabedoria, profecia, pastor-mestre... Nalgum momento precisamos nos cercar de pessoas cujo ministério é o de nos ajudar a prosseguir. É um serviço de apoio no magistério cristão. Há áreas cujas demandas exigem a prontidão de conselheiros, como são as relações conjugais, no sentido de prevenir crises e fortalecer relações.

Já o processo de mentorear-mentoreamento implica um processo de transmissão de bagagem de conhecimentos e experiências a pupilos, no sentido de facilitação de seu auto-descobrimento e exploração de suas potencialidades de liderança. Aqui não é uma relação do poderoso-fraco, perfeito-errante, santo-pecador, mas uma relação de confiança onde aquele não dita regras, mas se permite que o conheçam e se revelem nas fraquezas em que miram fortalecer. Jonh C. Maxwell sugere: “Peça a pessoas a quem você esteja mentoreando para fazer perguntas difíceis sobre as realidades de sua liderança” (O Livro de Ouro da Liderança – Thomas Nelson Brasil, 2008).

Ainda há muito a ser explorado neste exercício. Mentorear é, portanto, um relacionamento entre uma pessoa mais experiente (ou mais ex-pe-ri-men-ta-da), um Master, e outra, menos experimentada; aqui vai uma advertência: Não é apenas para quem está sob crise, necessitada de orientações específicas,... Isto é, em qualquer fase de nossas vidas precisamos de luz, guia, direção, seguir junto em meio aos obstáculos e crises, onde alguém nos acrescenta, fortalece, inspira.

A Bíblia descreve as relações entre Moisés e Josué (Ex 24.13; Dt 31.1ss), Elias e Eliseu (I Rs 19.19-21; II Rs 2.1ss) e Barnabé e Saulo (At 9.26ss; 11.22-30).

Cito aqui para distinguir discipulado de mentoria a relação entre Paulo e Timóteo. Não é o ensino doutrinário de um cristão maduro para com um iniciante, mas uma relação de intimidade e confiança entre um Sênior e um Júnior. Àquele fornece ferramentas e recursos para que este execute de forma aprovada sua tarefa de pastorear!

Enquanto o Discipulado (aprendiz) refere-se à instrução de iniciação, o mentoreamento refere-se à proteção, segurança, estabilidade fornecida por alguém de reconhecida integridade no exercício da liderança.

Apesar de termos distintos, podemos concluir que na dinâmica da carreira cristã, se completam. Inicialmente no processo de conversão precisamos do discipulado; em muitas fases da vida necessitamos de aconselhamento; e, mais ainda, no exercício da liderança, precisamos de mentoreamento, certamento os bons conselhos e apontamentos estão presentes nesta dinâmica.

Porque não sabemos tudo e não acertamos sempre é que precisamos de alguém em que confiamos, contamos e, numa relação de intimidade e confiança, se relacionar a ponto de poder crescer e ser aprimorado no que fazemos. By Geraldinho Farias

Comentários

  1. Eu e minha esposa estamos lendo o livro "De Pastor Para Pastores". do Pastor Irland Pereira de Azevedo. Trata também deste assunto. Abraços. Adriano Pereira de Oliveira, Tapiraí, SP.

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  2. Muito bem explicado, pois em algumas situações distintas podemos não discernir, e aplicar procedimentos aos quais não ajudarão aqueles que nos procuram no intuito de ajudá-los. Em Cristo!

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  3. Que BENÇÃO meu irmão.

    que o ETERNO continue te dando sabedoria e paciência para completar essa grande OBRA.

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