Já escrevi sobre líderes que passam do ponto. Agora é sobre líderes que param no ponto. E aqui novamente evoco a figura do Atleta do Século passado, Pelé, que tornou-se referência para aqueles que almejam parar no ponto, no ponto alto, em cima. Refiro-me a como Pelé parou no auge, ainda em condições de brilhar com seu futebol e suas condições físicas.
Destafeita estamos diante de Zinedine Zidane. Ele debutou como treinador
de futebol após brilhante e genial atividade dentro dos gramados como
atleta. Ganhou tudo como jogador. E, como técnico, ninguém havia logrado êxito
tão célere quanto. Foram três temporadas no Real Madrid, 149 partidas –
104 vitórias e 9 títulos. Zizu em 3 anos conquistou 3 Ligas dos Campeões da
Europa, 2 mundiais, 2 supercopas europeias, 1 La Liga e 1 Supercopa da Espanha.
À bordo de uma Seleção de Seleções como a esquadra madrilena, e com
aquele que na última década divide ou reveza com Lionel Messi a posição de
melhor do mundo, Cristiano Ronaldo - o CR7, Zizu surpreendeu a todos com seu
desligamento do Clube.
Toda e qualquer transição não é fácil, não é simples. Mas esta é a
almejada. Parar por cima, campeão, bem-sucedido. O que vemos é que na maioria
das vezes os que “passam do ponto” o fazem em declínio, sob questionamento,
afinal, não estamos bem e por cima sempre.
É o que vemos em muitos gestores e líderes. É preciso muita
sensibilidade e reflexão para transitar na hora. Isso não acontecerá sempre com
Zizu, mas, quando acontece, à semelhança de Pep Guardiola quando ganhou tudo
num período, ganhou tudo novamente e novamente, inaugurando uma era dourada no
FC Barcelona, Guardiola deixou o Barça para um perído sabático. Agora é Zizu
que para por cima.
E é sintomático que, muitos líderes – pastores sobretudo – veem em bons
e frutíferos momentos justamente o indicador que devam continuar. E isso
não é nenhum absurdo, afinal, nada mais sinalizador para continar à frente de
um grupo ou rebanho múltiplos aspectos de crescimento e satisfação. Aí que
também que reside o perigo. Muitos, insensíveis, acríticos, ignoram outros
sintomas da hora de transitar. Alguns conseguem até começar a demolir o legado
construído.
Claro, não vamos comparar lideranças em diversos níveis e grupos, com a
que aqui estão colocadas. Mas, parar no ponto é uma condição ideal, desejável,
um sonho. A complexidade da transição envolve também a preparação para sair.
Muitas sucessões são mal sucedidas com o líder seguinte desfazendo muitos
ganhos conseguidos a duras penas pelo líder anterior.
A transição Moisés - Josué (Dt 31)... A despedida de Paulo com os
anciãos de Éfeso (At 20.13ss)... nos oferece preciosas lições sobre este
momento tenso de nossas vidas como líderes.
Esse, dentre outros temas da liderança pastoral, é dos objetivos de
Dilemas de Um Pastor - Mudança de Ministério ou Mudança no Ministério, do
Mestre Olney Silveira Lopes, do Ministério Apascentar. Somente a preposição
"de" e a junção da preposição "em" + artigo "a",
"na", já dá muita crise em nós...
Bem, não é simples e não é fácil. Mas, do mesmo jeito que líderes e
pastores passam do ponto, ficamos felizes quando passam o cajado num momento
cheio, próspero e frutífero, sob homenagens de suas comunidades. A hora de
transitar - mudar, parar, preparar sucessão - eis temas dos mais difíceis! By
Geraldinho Farias
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