Os Jetsons, desenho futurista criado por Hanna-Barbera Productions no longínquo 1962... Vaticínio! |
As céleres mudanças provocaram uma revolução no jeito de ser e viver das
corporações. Quem não se situar, não se adaptar, sofrerá para manter-se num
mercado|mundo cada vez mais competitivo e dinâmico. O futuro nos provoca
calafrios e injeta doses de incertezas, certamente!
Ante fronteiras que são superadas e conceitos – que nos trouxeram aqui – refeitos, quando não desfeitos, o horizonte se mostra como “4.0”. Quando inovações nos vem qual Guepardo – um animal que atinge até 115 km|h, não deveríamos recebê-lo como uma lesma...
Transições já não são opções. A gestão de modelos tradicionais para
outros e novos, mais dinâmicos e contextuais, é o desafio. Em A Quarta
Revolução Industrial (Edipro - 2016), de Klaus Schwab, fundador e presidente
executivo do Fórum Econômico Mundial, conta como a sociedade e as corporações
vão ter de lidar com novos desafios diante de tecnologias que estão surgindo e
que vão além das digitais, chegando em breve até à necessidade de interagirmos
com robôs.
A Revolução Agrícola (10 mil anos atrás) se fez possível pelas inovações
tecnológicas que permitiram trabalhar a terra;
A 1ª Revolução Industrial (1760 e 1840) foi possível graças à máquina a
vapor e construção de ferrovias;
A 2ª Revolução Industrial (final do séc. XIX), pelo advento da
eletricidade e da linha de montagem;
A 3ª (década de 60), em função da revolução digital, do computador.
Entramos na convergência de tecnologias físicas, digitais e biológicas:
Inteligência artificial, robótica, internet, veículos autônomos, impressão em
3D, nanotecnologia, biotecnologia, armazenamento de energia. “O que torna a
quarta revolução industrial fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão
de tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos”,
afirma.
E os dilemas à nossa frente: Nos pressionarão por uma responsabilidade
coletiva e o interesse em servir a humanidade ou, o que restará dela, porque
Klauss adverte: “As mudanças são tão profundas que, na perspectiva da história
da humanidade, nunca houve um momento tão potencialmente promissor ou perigoso”.
Assistimos, diz ele, a erupções e rupturas que denunciam o caráter
vertiginoso das mudanças: Airbnb, Uber, Alibaba, Google, WhatsApp são
manifestações de algo recentíssimo. O capitalismo está mudando: “O Uber, a
maior empresa de táxis do mundo, não possui sequer um veículo. O Facebook, o
proprietário de mídia mais popular do mundo, não cria nenhum conteúdo. Alibaba,
o varejista mais valioso, não possui estoques. E o Airbnb, o maior provedor de
hospedagem do mundo, não possui sequer um imóvel”, destaca Tom Goodwin, citado
pelo autor.
Schwab afirma que todas as indústrias, sem exceção não perguntarão
“haverá ruptura em minha empresa?’, mas ‘quando ocorrerá a ruptura,
quanto irá demorar e como ela afetará a mim e a minha organização?”.
Quais as tecnologias que irão impulsionar a quarta Revolução Industrial?
Segundo o autor, três categorias:
Física (carros, aviões, barcos como drones, sem condutor).
A categoria digital diz respeito à Internet das coisas - IdC – relação
entre as coisas, serviços e pessoas através de plataformas digitais –
aplicativos, a possibilidade de rastreamento, monitoramento, armanezamento de
produtos e também de dados pessoais. Impressão em 3D (aquilo que víamos apenas
em filmes ou games) e robótica avançada (robôs interativos - mais leves, mais
fortes, recicláveis e adaptáveis, como os nanomateriais, como o grafeno, 200
vezes mais forte que o aço, milhões de vezes mais fino que um cabelo humano e
eficiente condutor de calor e eletricidade).
E biológica, como por exemplo as inovações na genética. Expansão do
projeto Genoma; a biologia sintética capaz de modificar organismos já
existentes, alterando seus códigos genéticos possibilitando a criação de
organismos personalizados. Os cientistas esperam criar micróbios que possam
combater o câncer e outras doenças para as quais ainda não temos cura (medicina
de precisão). E a engenharia genética, a capacidade de interferir e modificar
seres vivos (animais, plantas) e adaptá-los a condições adversas.
Klaus Schwab descreve 21 pontos de fenômenos já em curso, embriões ou
formatadores da 4ª. Revolução Industrial. Cito algumas inovações incríveis:
O primeiro telefone celular implantável e disponível comercialmente.
Dispositivos implantados no corpo, permitindo a comunicação, localização,
monitoramento (saúde).
A visão como uma nova interface. Óculos, lentes/fones de ouvido e
dispositivo de rastreamento podem se tornar ‘inteligentes’ e levar os olhos e a
visão a se tornarem a conexão com a internet e os dispositivos conectados.
Tecnologia vestível. As tecnologias que se encontram nos celulares
estarão integradas em roupas e acessórios (ex. babá eletrônica vestível – pais
sendo substituídos pelos sensores).
A internet das coisas e para as coisas. Sensores inteligentes para
monitorar ‘tudo’ conectado à internet – percepção do ambiente de forma
integral.
A casa conectada. Controle da energia, ventilação, ar-condicionado,
áudio e vídeo, eletrodomésticos, sistema de segurança, robôs para serviços.
Cidades inteligentes. A primeira cidade com mais de 50 mil pessoas e sem
semáforos. Cidades conectarão serviços, redes públicas e estradas à internet.
E os Impactos da quarta Revolução Industrial?
Não dá pra prever, mas, no mundo do trabalho, a 4ª Revolução Industrial
será devastadora. Possivelmente um processo crescente de destruição de
empregos. O que está claro é que a onda de inovações irá alterar profundamente
a estrutura ocupacional. Inevitavelmente também da remuneração: Cargos
criativos e cognitivos de altos salários e ocupações manuais de baixos
salários. Muitas relações de trabalho serão alteradas. Cada vez um número maior
de empregadores utilizará a ‘nuvem humana’ – trabalhadores que podem ser
localizados em qualquer parte do mundo para resolução de problemas e projetos.
As vantagens são a flexibilidade no trabalho, tempo e local.
Uma coisa é certa, ainda não é possível prever o que exatamente
acontecerá, mas o talento, mais que o capital, representará o fator crucial de
produção, diz Schwab. Teremos um mercado de trabalho cada vez mais segregado em
segmentos de baixa competência/baixo salário e alta competência/alto salário. A
quarta revolução industrial exigirá e enfatizará a capacidade dos trabalhadores
em se adaptar continuamente e aprender novas habilidades.
A quarta Revolução Industrial terá um impacto profundo sobre a natureza
dos estados e a segurança internacional, destaca o autor. A possibilidade da
guerra cibernética; dos robôs voadores (drones) e de armas autônomas. E, claro,
o soldado biônico. “O cérebro será o próximo campo de batalha”, afirma James
Giordano, citado pelo autor.
Sobre a coletividade, Schwab diz que a quarta Revolução Industrial
poderá levar a um aumento da desigualdade. Há uma tendência de que a riqueza
continue concentrada, uma vez que o domínio das inovações tecnológicas estará e
será controlada por um pequeno grupo de empresas. Por outro lado, não está
mudando apenas o que fazemos, mas também o que somos. Estamos frente ao
surgimento da sociedade centrada no indivíduo. “Ao contrário do passado, a
noção de pertencer, de fazer parte de uma comunidade, é hoje definida mais
pelos interesses e valores individuais e por projetos pessoais que pelo espaço
(comunidade local), trabalho e família”, destaca o autor.
E o que nos inquieta: Os dilemas éticos. Crianças podem ser feitas sob
encomendas? Podemos nos livrar de doenças? Viver mais tempo? Ser mais
inteligente? Correr mais rápido? Ter certa aparência?, pergunta o autor.
O autor sugere que “assumamos uma responsabilidade coletiva por um
futuro em que a inovação e a tecnologia estejam focadas na humanidade e na
necessidade de servir ao interesse público, e estejamos certos de empregá-las
para conduzir-nos para um desenvolvimento mais sustentável”.
E: “Acredito firmemente que a nova era tecnológica, caso seja criada de
forma ágil e responsável, poderá dar início a um novo renascimento cultural que
irá permitir que nos sintamos parte de algo muito maior que nós mesmos – uma verdadeira
civilização global.” By Geraldinho Farias
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