Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo e filósofo polonês, descreveu nosso tempo: “Uma das vozes mais críticas da sociedade contemporânea, individualista e desumana, que definiu como a “modernidade líquida”, aquela em que nada mais é sólido”. Não é sólida o Estado-nação, nem a família, nem o emprego, nem o compromisso com a comunidade. E hoje “nossos acordos são temporários, válidos apenas até novo aviso”. (El Pais, por ocasião de sua partida, em 9 de janeiro passado).
Vivemos uma crise
de pertença. Ninguém pertence a nada e a ninguém. Tudo é trocado e substituído
ao bel prazer da conveniência. Usa-se e abusa-se das relações. Desiste-se de
projetos com a mais fácil das justificativas. Isso explica a falta de
comprometimento e entrega com as pessoas e as instituições. Muda-se, tudo é
fluído e não se mantém: "Ocupamos um mundo pautado pelo agora que
promete satisfações imediatas e ridiculariza todos os atrasos e esforços a
longo prazo".
Focalizemos a
experiência a dois: Entre adolescentes fica-se, apenas. A experiência “ficante”
é o prazer episódico. No Facebook a nota oficial é: “Em um relacionamento sério
com...”. Perfís exibem inúmeras citações num curto espaço de tempo. Necessário
explicitar o que significa o “um”, o “relacionamento” e o “sério”... Sim,
porque provavelmente esses enunciados são o retrato da “vida líquida”, assim
como a água escorre pelas mãos, o transitório como jeito de ser e viver.
Subindo noutro
andar da escala relacional, ouvimos de noivados de jovens que duraram anos, até
mesmo uma década e deram em nada. Ou de casados, o ápice da vida a dois de
outrora, agora descasados por alguma razão ou razão qualquer. (Qualquer mesmo!)
É o padrão celebridades (Caras, Capricho etc.): Casa-se, vira notícia.
Separa-se, vira noticia. Casa-se novamente, vira notícia. Separa-se
novamente...
Antigamente
dizia-se “sou da igreja tal”; Hoje se diz: “Estou indo na igreja tal”. Muda-se
de igreja por qualquer razão. (Qualquer mesmo!) É a sazonalidade nas relações
com as instituições.
Devemos confrontar
a ideologia do descartamento ou da mutação fácil. Naveguemos na contramão.
Resistamos. Nutrir relações sólidas é o desafio. By Geraldinho Farias
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