sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO COM...

Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo e filósofo polonês, descreveu nosso tempo: “Uma das vozes mais críticas da sociedade contemporânea, individualista e desumana, que definiu como a “modernidade líquida”, aquela em que nada mais é sólido”. Não é sólida o Estado-nação, nem a família, nem o emprego, nem o compromisso com a comunidade. E hoje “nossos acordos são temporários, válidos apenas até novo aviso”. (El Pais, por ocasião de sua partida, em 9 de janeiro passado).

Vivemos uma crise de pertença. Ninguém pertence a nada e a ninguém. Tudo é trocado e substituído ao bel prazer da conveniência. Usa-se e abusa-se das relações. Desiste-se de projetos com a mais fácil das justificativas. Isso explica a falta de comprometimento e entrega com as pessoas e as instituições. Muda-se, tudo é fluído e não se mantém: "Ocupamos um mundo pautado pelo agora que promete satisfações imediatas e ridiculariza todos os atrasos e esforços a longo prazo".

Focalizemos a experiência a dois: Entre adolescentes fica-se, apenas. A experiência “ficante” é o prazer episódico. No Facebook a nota oficial é: “Em um relacionamento sério com...”. Perfís exibem inúmeras citações num curto espaço de tempo. Necessário explicitar o que significa o “um”, o “relacionamento” e o “sério”... Sim, porque provavelmente esses enunciados são o retrato da “vida líquida”, assim como a água escorre pelas mãos, o transitório como jeito de ser e viver.

Subindo noutro andar da escala relacional, ouvimos de noivados de jovens que duraram anos, até mesmo uma década e deram em nada. Ou de casados, o ápice da vida a dois de outrora, agora descasados por alguma razão ou razão qualquer. (Qualquer mesmo!) É o padrão celebridades (Caras, Capricho etc.): Casa-se, vira notícia. Separa-se, vira noticia. Casa-se novamente, vira notícia. Separa-se novamente...

Antigamente dizia-se “sou da igreja tal”; Hoje se diz: “Estou indo na igreja tal”. Muda-se de igreja por qualquer razão. (Qualquer mesmo!) É a sazonalidade nas relações com as instituições.

Devemos confrontar a ideologia do descartamento ou da mutação fácil. Naveguemos na contramão. Resistamos. Nutrir relações sólidas é o desafio. By Geraldinho Farias

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