As corporações de saúde mental e seus profissionais elegeram o mês para prevenir o suicídio – o maior trauma na escala da dor por ser súbito, violento e autoprovocado. O ato suicida tem crescido de forma exponencial no Brasil e no mundo e chama a atenção pela multiplicação nalgumas regiões, sendo protagonizado de forma democrática por jovens e adultos, dos mais variados graus de instrução e profissão, e das diversas matizes religiosas.
Comumente o suicídio é uma possibilidade entre depressivos de
certo grau. A depressão roubou o título que no século passado pertenceu à
SIDA (Aids): O Mal do Século. Depressão e Suicídio ocupam e desafiam os
profissionais da saúde mental. Uma demanda interminável!
O ato suicida funciona como gatilho para outros, num “efeito
dominó” (Diz-se Efeito Werther)? A genética é fator
decisivo? O personagem de Como eu Era Antes de Você – livro e filme
de sucesso de Jojo Meyes, estimula a “glamourização” da prática? O fenômeno
está sendo aprofundado nos ciclos acadêmicos.
Èmile Durkheim (1897) estudou as conexões entre os indivíduos e
a sociedade e antecipou o suicídio como fato social – não individual. O
fenômeno decorre de uma crise moral, havendo 3 categorias:
O Egoísta, quando há o enfraquecimento dos laços entre o indivíduo e a
sociedade - perda de identidade, de referência, uma percepção
individual de sofrimento (depressão, angustia...) onde se situa mais
importante que a sociedade;
O Altruísta - ligado ao coletivo: O indivíduo não tem vida própria,
morre em pró de uma causa; se mata achando que está fazendo bem à sociedade
(homens-bomba, kamikazes etc.)
O Anomista – quando há uma perda de padrão – mudanças circunstanciais,
temporais, crises econômicas – desemprego, perda de status, condição
financeira...
Durkhein profetiza: O suicídio é uma tendência das sociedades: Está
presente e nunca vai acabar, afirmou.
Não damos conta de tantos papéis sociais – expectativas, pressões por
resultados imediatos.... Crises existenciais, angústias, repressão das
emoções. Um mundo que estimula e aprofunda abalos e instabilidades
emocionais ao mesmo tempo em que superficializa vínculos!
O modelo de vida autofágico nas metrópoles, megalópoles... Uma cena que
tem sido comum: O indivíduo se vê asfixiado no elevador, num auditório e se
sente sob angústia atroz. Muitos abandonam o carro no trânsito...
Em muitos ciclos religiosos a minimização das
dores, espiritualização, negação, sublimação dos transtornos
mentais em comunidades a que seus frequentadores são submetidos,
sobretudo a ignorância quanto ao processo depressivo como doença (“pecado”,
“frescura”, “preguiça”, falta de oração e de Deus) ainda (pasmen!) é fronteira
entre a religião e a saúde mental. Isso quando crentes não são
vitimados pelo próprio sistema religioso – tóxico, manipulador, abusador –
ampliando e aprofundando seus traumas.
Ainda há uma certa censura ou receio de procurar ajuda
especializada – psicólogos, psiquiatras – para lidar com transtornos de
ansiedade, depressão, pânico e fobias, sob mantras e clichês: “Ora que
melhora”, “vai passar”, “creia mais”... O profissional da saúde mental é
qual rival, concorrente, uma ameaça ao controle de pastores, padres,
"pagés" e guias espirituais.
É hora de superar mitos e falácias: "Suicídios ocorrem mais no
inverno"; "o depressivo que compartilha a vontade de morrer quer
apenas chamar a atenção"; "conversar sobre o assunto pode induzir
alguém a tentar"; dentre outros.
O deprimido que faz uso de álcool e drogas potencializa o
rebaixamento da crítica, do nível de consciência e fica com mais coragem
para cometer suicídio.
Fases de muitas perdas e transições - adoecimento, desemprego, depressão
crônica, oscilações de humor etc. são convidativas. Alguns sinais são emitidos
quando há a intenção – falar que quer morrer; se despedir de parentes e amigos;
apresentar irritabilidade, culpa, choros frequentes; colocar as coisas em ordem
e ter uma aparente e abrupta melhora de depressão grave: Podem ser pistas de
que já se decidiu pelo fim, por isso fica mais "tranquilo". O tema é
complexo e merece a devida atenção.
O Conselho Federal de Psicologia e o Conselho Federal de Psiquiatria
adotaram o mês Internacional de Prevenção ao Suicídio, especialmente o dia 10,
o Dia Mundial de Prevenção. É hora de falar sobre! Conferências, simpósios,
cursos em todo o brasil são oferecidos no setembro amarelo. Escolas, igrejas e
ONGs devem sim, amarelar! By Geraldinho Farias




Amei o artigo! Gostei mesmo...mas tenho algumas ressalvas..! Falamos muitos dos problemas e do comportamento destrutivo que as pessoas tem, e as outras pessoas que tentam ajudar e acabam piorando a situação..não vejo maldade, vejo falta de conhecimento sobre o assunto...este e muitos outros assuntos não são tratados dentro da igreja e gera este tipo de conflito religioso, dentro de nós mesmo! Como podemos fazer para melhorar nossa compreensão e comportamento sobre o assunto e mediante estas pessoas...não podemos apontar os erros e estatisticamente oferecer o caos sem termos solução!...
ResponderExcluirOlá. Acho que concordamos com as ressalvas, quando alguns apontamentos estão lá: Devemos vencer mitos e tabus. Procurar ajuda especializada e compartilhar a campanha. Isso envolve a todos nós. E, sobre a solução, nossa campanha mesmo aponta: "Falar é a melhor solução." Este texto é um dentre os que estarão neste espaço durante o Setembro Amarelo. Sugiro que leia os demais, pois se completam. Grato por sua apreciação. Conte comigo.
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