Convencionou-se denominar “família Doriana” o retrato da família perfeita, ideal, numa alusão aos comerciais de margarina: A mulher sai da cama maquiada, cabelos irretocáveis, e vai para a mesa com a família reunida, sorridente...
Vivemos num mundo pictórico. A sociedade valoriza mais a imagem
pública que as relações humanas tal e qual é e acontece. As redes sociais
solidificaram a tendência: Mostramos o sorriso, a felicidade estética, um conto
de fadas. Mas, o cotidiano das relações vai na contramão do exposto. Viver
definitivamente não é um parque de diversões...
Noivos vão ao casamento com altas expectativas. Até que a
conjugalidade descortine a realidade a dois.
Casais se comparam àqueles cujas aparências publicadas
revelam-se “família perfeita”. Momentos fotografados camuflam o contraponto, a
rotina exaustiva comum a qualquer família.
Contos e relatos de conquistas – profissionais ou aquisições de
bens – quase nunca detalham o planejamento, os anos trabalhados, a disciplina e
o preço muitas vezes ao custo de dores. Levando à falsa crença de que foi
fácil, extremamente fácil, mágico até...
O mundo das telas retratado em megapixels não deve florir,
anestesiar ou sublimar a dura realidade de qualquer grupo humano, sobretudo as
vivências familiares. Portanto:
Continuamos diferentes uns dos outros; (mas podemos negociar e
buscar sermos razoáveis.)
Não concordamos com tudo; (mas chegamos a conclusões
interessantes.)
Não acertamos sempre; (mas nossos erros não suplantam os muitos
acertos. Por isso chegamos até aqui.)
Pais excedem; filhos se rebelam; (comemoremos se são situações
episódicas! Mas amanhã é sempre um novo e outro dia!)
Decidimos apressada e precipitadamente - muitas das vezes;
(Recordemos: Decisões acertadas foram a maioria.)
A velhice, o câncer e a poluição ambiental fazem parte do nosso
tempo; (Mas há vitórias e conquistas a celebrar...)
Restrições, privações, amputações e crises estão aí (não no
Facebook) – e devemos enfrenta-los. Façamos da melhor forma!
O desafio nas relações humanas é crescer sempre, tomar decisões
equilibradas e viver pequenas alegrias diárias que, somadas, poderão nos ajudar
a amadurecer e experimentar uma felicidade possível.
Se você já se sentiu um lixo ao ver um comercial de margarina
onde a família parece perfeita e pensou: “Como eles conseguem? O que estou
fazendo de errado?” Pronto, prato cheio para uma crise existencial! Saiba que
nossas famílias são iguais. Do lado de cá, na não-ficção, é possível viver
melhor do que a gente tem experimentado. By Geraldinho Farias
Pr. Geraldinho, sempre acertivo e indo ao ponto. Sempre me enlevo com suas conclusões e comentários. Neste caso, sempre precisamos refletir estas verdades e buscar a felicidade possível. Abs.
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