Não é um surto. É
mais que uma epidemia. É uma pandemia – atinge todas as classes, regiões,
ultrapassa de forma vertiginosa todas as fronteiras. Estamos diante do que
chamo 3ª. Guerra Mundial: A explosão das drogas, especialmente o crack para
além de um complexo problema de saúde pública, não permite indiferença, ações
isoladas ou articulações amadoras. Como toda a guerra, deve ser enfrentada com
planejamento, estratégia, preparo e uso dos melhores recursos.
Antes de
considerá-la é necessário ponderar, criticar algumas práticas que caracterizam
as ações de igrejas, sobretudo as “evangélicas” Brasil a fora. Confunde-se o
inimigo: Tratam onça como se fosse gatinha.
Há quem pense que oração e leitura da Bíblia por sí só bastam para a “libertação” dos aprisionados. É pouco. Denominam-se “clínicas de recuperação” uma casa no campo onde homens com históricos dramáticos são confinados, ambientados numa suposta “fraternidade”.
Há quem pense que oração e leitura da Bíblia por sí só bastam para a “libertação” dos aprisionados. É pouco. Denominam-se “clínicas de recuperação” uma casa no campo onde homens com históricos dramáticos são confinados, ambientados numa suposta “fraternidade”.
Formam-se equipe
de voluntários - heróis - muitos deles ainda sob reabilitação. Celebram-se os
libertos, aqueles “salvos”, renovados que, em breve, alimentarão as
estatísticas dos que “caíram”, reincidiram, voltaram às... drogas.
Há o que se
comemorar. São verdadeiros milagres operados em pessoas que se “recuperam”, de
fato. O milagre se dá não apenas nos recuperados, mas nesse universo cercado de
ingenuidade, amadorismo e voluntarismo sincero de soldados que lutam de forma
equivocada e despreparada contra um inimigo gigante que ainda subestimamos. Listemos
o arsenal mínimo para enfrentá-lo: O exército deve ser formado por
profissionais da saúde, uma quipe multidisciplinar, integrada. Precisamos de capelães e mentores, mas não só: Psicólogos, terapeutas ocupacionais,
psiquiatras e outros.
Oração, louvores
e leitura da Bíblia faz bem; mas não é só, acrescente-se o uso de medicamentos
administradas por um médico – antiansiógenos, antidepressivos, desintoxicantes...
Quem quer vencer uma guerra deve atacar de forma inteligente e sincronizada com
armas à altura do poder inimigo.
Se o campo de
batalha é nas mentes dependentes, logo, prescindir da terapia psicológica é
flertar com o perigo. O front é a mente
e a psicologia é in-dis-pen-sá-vel! Se a “mente vazia é oficina do diabo” impor
“convivência militar” sem um programa inteligente de ocupação e prática
esportiva é deixar frestas nas linhas de combate.
Todas as
instituições do terceiro setor especialmente as igrejas, tem decisiva
contribuição. Mas é preciso rever o clientelismo: O de tratar viciados como
potenciais convertidos apenas; oferecer e abrir “clínicas” que não são de fato
clínicas = propaganda enganosa; ministros e leigos religiosos em papéis de
profissionais da saúde = exercício ilegal da profissão.
Comunidades podem
oferecer acolhida, apoio, e dinâmicas relacionais entre os co-dependentes, familiares-vítimas.
Há muito o que investir – aí sim, o lugar comum de uma igreja: Fraternidade,
mutualidade e esperança. Os Alcoólicos Anômicos e congêneres tem história e resultado; poderiam
inspirar a cópia do modelo. Ferramentas como a (literatura) Celebrando a
Recuperação são úteis, mas no devido lugar. Devemos ser humildes e contar com
parcerias que, somadas ao que oferecemos de melhor darão resultarão em mais
pessoas e famílias alcançadas de forma pró-ativa.
É erro crasso
achar que uma iniciativa e seu aparente e episódico resultado substitui uma
ação integrada como as listadas acima. Somente um exército bem treinado e com
ferramentas adequadas poderá ser blindado e usado por Deus para correponder ao
desafio de restaurar famílias e devolver vida às vítimas desta mefistofilia.
Concluo re-afirmando o poder da fé em Cristo Jesus para libertar os adictos,
regenerar, conceder uma nova vida (Jo 8.32, II Co 5.17). “Quanto a mim, estou
limpo. Só por hoje!”
By Geraldinho Farias - publicado na Revista Vigiai, edição no. 5, pág. 32
By Geraldinho Farias - publicado na Revista Vigiai, edição no. 5, pág. 32
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