Rembrandt em “O Regresso do Filho Pródigo” (1662), retrata o reencontro
do Filho mais novo da Parábola de Jesus (Lucas 15), com seu Pai. A volta do
rebelde que ao esbanjar tudo vê-se humilhado e, arrependido e maltrapilho,
volta para os braços abertos do Pai.
Henri Nouwen em O Retorno do Filho Pródigo (1992), analisou a obra:
O Filho Mais Novo: Descrito como um pária, despido de cabelos e roupas
qual um prisioneiro com identidade destruída; pé à mostra. Um
"Ninguém", sem honra, saúde... Perdeu tudo, menos a espada: É seu
"cordão umbilical".
O Filho Mais Velho: Puxou o pai fisicamente - barba, feições, capa
vermelha. Não afetivamente. O abraço no centro em contraste com o irmão à
distância, sob a frieza de um mero expectador. A arrogância deste Filho
escancara
seu moralismo – “esse teu filho” – diz ao Pai. Se acha superior porque o
irmão não escolheu o mesmo tipo de vida politicamente correto que o dele. É ele
quem se sente escravo - “há tantos anos que te sirvo” - tomado de pré-conceito
despreza a festa: Fecha-se em egoísmo e ressentimento.
O Pai: O reencontro se dá num círculo íntimo de luz, contra um set
sombrio. Parece idoso, terno e meio cego; correu quando o viu ao longe.
Reconhece-o pelo afeto - não pelos olhos. A luz conecta a cabeça do Pai aos
ombros do Filho. Suas mãos são especiais: A esquerda é forte, a direita, leve.
Traduzem o holding (Winnicot) materno e a segurança paterna.
Hoje, nada mudou: A necessidade de retornar como o Pródigo, a
indiferença e sabotagem ao redor e o abraço do Pai à espera. By Geraldinho
Farias
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