quinta-feira, 2 de julho de 2020

O FILHO PRÓDIGO

Rembrandt em “O Regresso do Filho Pródigo” (1662), retrata o reencontro do Filho mais novo da Parábola de Jesus (Lucas 15), com seu Pai. A volta do rebelde que ao esbanjar tudo vê-se humilhado e, arrependido e maltrapilho, volta para os braços abertos do Pai.

Henri Nouwen em O Retorno do Filho Pródigo (1992), analisou a obra:

O Filho Mais Novo: Descrito como um pária, despido de cabelos e roupas qual um prisioneiro com identidade destruída; pé à mostra. Um "Ninguém", sem honra, saúde... Perdeu tudo, menos a espada: É seu "cordão umbilical".

O Filho Mais Velho: Puxou o pai fisicamente - barba, feições, capa vermelha. Não afetivamente. O abraço no centro em contraste com o irmão à distância, sob a frieza de um mero expectador. A arrogância deste Filho escancara

seu moralismo – “esse teu filho” – diz ao Pai. Se acha superior porque o irmão não escolheu o mesmo tipo de vida politicamente correto que o dele. É ele quem se sente escravo - “há tantos anos que te sirvo” - tomado de pré-conceito despreza a festa: Fecha-se em egoísmo e ressentimento.

O Pai: O reencontro se dá num círculo íntimo de luz, contra um set sombrio. Parece idoso, terno e meio cego; correu quando o viu ao longe. Reconhece-o pelo afeto - não pelos olhos. A luz conecta a cabeça do Pai aos ombros do Filho. Suas mãos são especiais: A esquerda é forte, a direita, leve. Traduzem o holding (Winnicot) materno e a segurança paterna.

Hoje, nada mudou: A necessidade de retornar como o Pródigo, a indiferença e sabotagem ao redor e o abraço do Pai à espera. By Geraldinho Farias

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CLOSE (2022)

É desafiador abordar temas complexos. Podemos discutir o "como" o roteiro (Lukas Dhont) foi tocado - entre a primeira e a segunda ...