The Sinner (2007) começa com desenhos do Rorschach... Que ousadia, será que entrega o que promete??? Muito mais... O drama é uma adaptação da obra homônima de Petra Hammesfahr que a Netflix faz chegar até sua tela (de agosto). Por onde começar?
Pelos personagens: Cora Tannetti (Jessica Biel) numa manhã de domingo, e
num passeio com a família, tem um surto e esfaqueia um rapaz, sem nenhum
motivo óbvio. A investigação do crime acaba revelando segredos de seu passado,
num enredo sedutor e cheio de perspectivas. Um crime em público e à luz do dia
nos convida a defendê-la ou duvidar de sua psicopatia.
Vamos à investigação com Ambrose (Bill Pullman). De início o delegado é
emotivo em dar uma chance de defesa convincente à ré. Mas ele também demonstra
um passado sombrio, e uma relação traumática com ex-mulher – para quem busca
uma reconciliação, e sua amante, por quem é subjugado.
Mason (Christopher Abbott), o marido de Cora, numa linha mais
secundária, vive suas crises enquanto tenta entender o que se passou com sua
esposa. É vigiado pela imprensa, perde clientes... Nada do que está ruim que
não possa piorar.
Diante de uma protagonista perturbada, a pergunta é: O que levou Cora ao
surto – uma música, seu passado...? Enquanto reunimos diversas pistas sobre uma
questão tão complexa - as cicatrizes nos braços e na cabeça, os traficantes, o
clube de caça, novas possiblidade se abrem para explicar o que aconteceu com a
família Tannetti.
Não devemos ser simplistas ou reducionistas em apontar os pecadores da
série. Para além de um esfaqueamento gratuito, estamos diante de uma vítima de
traumas religiosos, abusos psico-afetivos e culpabilidades investidos por uma
família repressora e fanática. Jessica Biel é perfeita em exalar os dramas e
angústias de sua personagem.
Aí entram dos mais complexos temas humanos: A culpa e seu peso, sua
expiação, sua punição, seus desdobramentos... A série nos mergulha nas
interfaces das memórias perdidas; nossos julgamentos e hipóteses – louca, ré ou
vítima? E o que de mais humano nos confronta e inquieta na psique humana.
Ok, há momentos sonolentos – a intimidade de Ambrose e as reações de
Mason, num roteiro anti-herói ou, sem bom-mocismo. Mas há muito mais altos do
que baixo, superando as enrolações. Não é somente para os público “psi”. (E não
sei como é um produto sob classificação|recomendação de faixa!) By
Geraldinho Farias
Muito oportuna esta postagem.
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