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Martin Luther, Dresden|Alemanha |
As celebração dos 500 anos da Reforma Protestante estão aí em inúmeros eventos e fóruns. E não deveria ser diferente: A Reforma impactou o mundo em todos os aspectos para além das delimitações religiosas.
Passados 500 anos, vivemos uma “Deforma” – sem generalizar, mas focando diversos modelos de cristianismo, se podemos assim nos referir. A seguir, algumas denúncias que bem serveriam para uma nova edição das 95 teses de Lutero:
Setores do evangelicalismo já não se satisfazem com o poder celestial: Estão investindo pesado no poder terreno ocupando cargos, barganhando votos, vendendo denominações, ampliando bancadas em alianças espúrias... Protagonizando, quando não participando de forma direta dos grandes escândalos da República! É a corrupção em nome de Deus!
Algumas versões ou descendências do que chegou aqui trazido pelos missionários americanos não se constrangem em serem confundidos com curandeiros, comerciantes da fé, vendendo (literalmente) o céu – profissionais da religião de dar inveja ao lendário vendedor de indulgências, Tetzel... O crescimento de versões (aversões?) das mais aberrantes, tem efeito direto na dilapidação da imagem do Protestantismo histórico.
Sobre os 5 fundamentos, as solas do Protestantismo, eis uma constatação:
Só a graça, nem tanto – compra-se, negocia-se, barganha-se com Deus. As boas obras em formas de campanhas e meritocracia estão aí. A graça aditivada pelo “fora desta|daquela igreja não há salvação”.
Só a fé, ops, nem tanto. Só a fé no ministério tal e na oração poderosa
do apóstolo, bispo, coronel, cacique,...
Só a Escritura... Desde que seguida dos manuais de modelos de igrejas onde são descritos os novos e outros mandamentos para a patuléia ser, seguir e viver.
Somente o Cristo. Mas... Ao lado do Cristo há líderes sagrados e consagrados. Dê uma olhada nas placas que identificam os ministérios, as paróquias... Estão lá: As imagens, os ícones dos mandatários e poderosos!
Somente a Deus glória que nada. Também a Deus, mas não só: Glórias ao fundador, ao missionário, ao fulano da oração forte, ao cicrano detentor de milagres e prodígios...
O Lutero na versão atual teria um trabalho enorme para escolher uma catedral para afixar suas teses atuais afinal cada igreja, denominação, ministério possuem as suas próprias, espalhadas nas capitais brasil a fora...
Diversas abordagens e modelos pariram o fenômeno dos desigrejados, 1|4 segundo o último recenso do IBGE. São aqueles que, confusos, abusados, usados, traídos, enganados... Formam uma multidão de “ovelhas que não tem pastor”: Crentes no Cristo, incrédulos nas instituições. Esses marginais, excluídos da relação comunitária formal; esses cujas experiências dolorosas foram provocadas por líderes inescrupulosos.
A tirania religiosa aproveitando-se das cíclicas crises crises econômicas, fez surgir verdadeiros depredadores da esperança, vítima de modelos hegemônicos que solapam sentimentos e esperanças. Contos dramáticos e traumáticos, experiências de estupros, abusos e violações afetivas-psicológicas-religiosas-espirituais são denunciadas no que considero um verdadeiro documento, o “Decepcionados com a Graça – Esperanças e Frustrações no Brasil Neopentecostal” (Mundo Cristão – 2005), de Paulo Romeiro. Se a obra “Brasil Nunca Mais” (Vozes, 1985), organizada por D. Paulo Evaristo Arns, ladeado por ninguém menos que o Rabino Henry Sobel e o Pastor Jaime Whright, tornou-se referência em desnudar os porões da Ditadura Militar, a obra de Romeiro desnuda a legião de vitimados pela opressão de religiosos insanos.
É essa “Deforma Protestante" de que não podemos nos calar ao refletir sobre os rumos do evangelicalismo no Brasil. By Geraldinho Farias
Me junto à sua voz! Não à DEFORMA!!!
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