Minhas crianças são, ainda, “analógicas”. Sim, estou tentando guardar o sol no bolso, afinal, o mar de telas são um caminho sem volta para a civilização. Sinto-me despreparado para a adesão em massa de pais que, impotentes, expõe cada vez mais cedo seus filhos à fibra ótica. Assisto, atônico, as crianças do meu convívio cada vez mais precoces, usuárias da virtualidade.
Ainda me confesso
um “paileolítico”*, um inadequado, estranho, inoportuno, marginal, excluído,
ilhado... Nesses tempos de telas.
Vez por outra minha
filha de 9 anos questiona o porquê somente ela em meio à sua tribo não
possui o totem, o fetiche eletrônico. Não pretendo questionar o presente dado
cada vez mais cedo por meus amigos a seus filhos. Mas, em minhas alucinações
questiono sobre a falta de disciplina ou orientação dos usuários mirins.
A cena é comum.
Crianças invadem o cenário e não interagem mais. Mergulham nas telas e de lá
não mais saem. São "abduzidas". Apenas “de corpo presente”. Kids
"zumbis". Estão sem estar. Questiono com meus botões sobre os pais e
a missão de educar - não miro os novos usuários, os usuários novos, novíssimos,
embriões, fetais, genes... Porque as aquisições, os acessos e as exposições são
cada vez mais prematuros.
Pergunto aos pais
que aderiram à digitalização da infância:
O que separa o uso
do abuso?
Quais os limites
para usar o equipamento? Quando será excessivo ou inconveniente?
Podem usar a
qualquer instante e por todo o tempo e em qualquer lugar???
Assistiremos sem
qualquer reação um ambiente em que cada uma das crianças estará de forma
individual sob a hipnose de uma tela - cena comum e normal???
E não estou
militando sobre o saudoso passado – empinar pipas, brincar de amarelinha,
pular-cordas... Minha inquietação nem é sobre o valor
do Tablet, Smartphone, Ipad... Mas sobre a ausência de
disciplina, falta de orientação aos impulsivos e compulsivos tele-kids. Os valores
investidos em educação - causa, efeito, limites, respeito, interatividade
humana, bom senso e equilíbrio. Instruir sobre o que quer que seja dá
trabalho!
(*) Meu neologismo,
para o pai que vive na idade da pedra lascada, um pai quadrado e careta, como
me situo. Resisto a me acostumar com a equação: Tela ligada, relações humanas
desligadas. By Geraldinho Farias
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