segunda-feira, 4 de julho de 2016

"PAILEOLÍTICO" E INFÂNCIA ANALÓGICA

Minhas crianças são, ainda, “analógicas”. Sim, estou tentando guardar o sol no bolso, afinal, o mar de telas são um caminho sem volta para a civilização. Sinto-me despreparado para a adesão em massa de pais que, impotentes, expõe cada vez mais cedo seus filhos à fibra ótica. Assisto, atônico, as crianças do meu convívio cada vez mais precoces, usuárias da virtualidade.

Ainda me confesso um “paileolítico”*, um inadequado, estranho, inoportuno, marginal, excluído, ilhado... Nesses tempos de telas.

Vez por outra minha filha de 9 anos questiona o porquê somente ela em meio à sua tribo não possui o totem, o fetiche eletrônico. Não pretendo questionar o presente dado cada vez mais cedo por meus amigos a seus filhos. Mas, em minhas alucinações questiono sobre a falta de disciplina ou orientação dos usuários mirins.

A cena é comum. Crianças invadem o cenário e não interagem mais. Mergulham nas telas e de lá não mais saem. São "abduzidas". Apenas “de corpo presente”. Kids "zumbis". Estão sem estar. Questiono com meus botões sobre os pais e a missão de educar - não miro os novos usuários, os usuários novos, novíssimos, embriões, fetais, genes... Porque as aquisições, os acessos e as exposições são cada vez mais prematuros.

Pergunto aos pais que aderiram à digitalização da infância: 

O que separa o uso do abuso?

Quais os limites para usar o equipamento? Quando será excessivo ou inconveniente?

Podem usar a qualquer instante e por todo o tempo e em qualquer lugar???

Assistiremos sem qualquer reação um ambiente em que cada uma das crianças estará de forma individual sob a hipnose de uma tela - cena comum e normal???

E não estou militando sobre o saudoso passado – empinar pipas, brincar de amarelinha, pular-cordas... Minha inquietação nem é sobre o valor do Tablet, Smartphone, Ipad... Mas sobre a ausência de disciplina, falta de orientação aos impulsivos e compulsivos tele-kids. Os valores investidos em educação - causa, efeito, limites, respeito, interatividade humana, bom senso e equilíbrio. Instruir sobre o que quer que seja dá trabalho!

(*) Meu neologismo, para o pai que vive na idade da pedra lascada, um pai quadrado e careta, como me situo. Resisto a me acostumar com a equação: Tela ligada, relações humanas desligadas. By Geraldinho Farias

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