quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O PAI DA NOIVA, 25 ANOS

O filme O Pai da Noiva (Father of the Bride, 1991, de Charles Shyer) continua obrigatória, 25 anos depois. A comédia é baseada no livro de Edward Streeter e um remake de 1950, com Spencer Tracy e Liz Taylor. George Banks (Steve Martin) é um pai de família politicamente correto – ama sua esposa Nina (Diane Keaton) e os filhos Annie e Matty e vive feliz, tudo no lugar, o que

chamamos de “família Doriana”. O equilíbrio é quebrado quando George é surpreendido com o casamento da filha...

Não percebemos o crescimento de nossos filhos. Muitos de nós, de forma inconsciente, queremos protelar ou até mesmo interromper o processo de autonomia tão necessário e inerente à maturidade. O filme aborda de forma hilária os conflitos vividos dO Pai da Noiva na hora de "entregar" a filha Annie (Kimberly Williams) ao noivo Bryan MacKenzie (George Newber).

Aqui surge o fenômeno denominado "Ninho Vazio" – quando os pais sucumbem ante a realidade de que não possuem mais o(a) filho(a) casado(a) compondo o set e a vivência familiar, resistindo à nova configuração.

Estamos diante de uma transição – de efeitos maiores ou menores, de repercussões previsíveis ou catastróficas, nas relações parentais. No ritual do casamento uma das partes simbólicas é o abraço e beijo de despedida dos pais nos nubentes ainda no altar, ao final da cerimônia. Para muitos um ritual dramático, início de luto. Lidamos com muitas dificuldades com o que é novo, desconhecido, e sob altas expectativas. É  o jogo das relações.

O casamento pois, é uma passagem de repercussões indescritíveis para os nubentes – em todos os aspectos e para as famílias de origem. Os subsistemas exigem adaptações e ajustes. Uma boa clínica de preparação não deve se omitir de acompanhar as passagens. E, para a já deficitária preparação dos noivos - escandalosamente inexistente em muitas comunidades - soma-se o fato da inexistência da preparação dos pais: Prepara-se quem vai... e quem fica. Esse ciclo dinâmico é o que torna a conjugalidade supra, alta, nobre, relação para poucos.

Na clínica ouvimos de muitos pares que o pós-casamento não é inexoravelmente um sonho automático e natural, um sinônimo de felicidade absoluta e plástica que as festas encerram. De um lado, os neo-casados confessando os dramas da lua-de-mel: Noivas chorando a ruptura do vínculo materno. E noivos descrevendo o fracasso das primeiras relações sexuais. Sim, a lua de mel também pode ser depressiva.

Por outro lado, pais sofrendo a imposição do ciclo: Lidar com filhos que não mais estão sob o seu controle e cuidado. E a realidade: Sim, os filhos cresceram!

(Construção e manutenção de relações - belas, plásticas e absolutas, a la conto de fadas, somente nas redes sociais!)

O filme teve sequência em 1995, O Pai da Noiva II (Father of the Bride Part II). By Geraldinho Farias

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