Não é de surpreender a adoção de práticas doutrinárias estranhas, desvios, aberrações e anomalias no culto de muitas igrejas, afinal, treinamento, aprofundamento e fortalecimento doutrinário é seara do Educador Cristão.
Não é de surpreender a escandalosa desaceleração em nosso crescimento –
o fenômeno do crescimento nalguns casos são explicados pelo trânsito
religioso: Grupos
organizados que migram e circulam de igreja para igreja... Menos com conversão, afinal, a adoção de um sistema de discipulado é campo do Educador Cristão.
Não é de surpreender o baixo nível dos candidatos ao ministério pastoral. É o extrato (também) da baixa qualidade do ensino em nossas comunidades; o conteúdo e sua qualidade no ensino-aprendizagem da igreja são atribuições do Educador Cristão.
Não é de surpreender a fragilidade das relações familiares: Noivos imaturos, casais sem bases mínimas – muitos inflarão as taxas de divórcio! Adultos infantilizados, dependentes e desequilibrados, são resultados da (falta de) programação que objetiva a maturidade cristã, finalidade do processo de crescimento,... Gestão do Educador Cristão.
Sem generalizações; poucas e proporcionalmente mínimo as igrejas que possuem um(a) ministro(a) de Educação Cristã e lhe conferem merecido apreço. Voltemos a um passado recente...
O início dos anos 90 foi promissor. Havia um movimento em direção ao resgate deste personagem, o Educador Religioso ou Cristão, como prefiro referir ou ainda Ministro de Educação Cristã, talvez mais apropriado. ("Religioso" é reducionismo. O "cristão" refere-se ao ensino que é para a vida.) Por exemplo, a criação de uma Associação dos Educadores Religiosos Batistas do Estado de São Paulo – AERBESP, foi parte de dos ventos que sopraram nesta direção. Um tempo saudoso. (E aqui vão alguns apontamentos fruto de olhos míopes:)
Vieram os anos 2000 e, assim, a efervescência da aclamada “música gospel” e as igrejas foram irradiadas pela efusão de grupos, bandas, e o tal “mercado”. Sabemos: Nosso povo ouve música. Não lê livros. Daí a consequente maximização do Ministro de Música e o anacronismo do Educador Cristão.
Chamou a atenção nesta década a “lagoinização” da música dita sacra. Refiro-me à massificação das músicas do Ministério Diante do Trono. O surgimento da tal “ministração”. As comunidades passaram a replicar, reproduzir o comportamento do narrador e comentarista de cânticos... Era a música em detrimento da educação! Os ventos eram outros e novos: Investir em música – instrumentos, formação de músicos e atualização da hinódia. Atenção: Não que não se deva o investimento, absolutamente! É que aconteceu com uma supervalorização de um ministério, em detrimento de outro – essencial, fundamental.
A busca então das comunidades tornou-se a do músico que ministra e elabora a parte musical. Repito: E deveria ter acontecido mas não ao custo do encolhimento, redução (pra dizer o mínimo) da figura do Educador. E tudo não durou uma geração... Muitas famílias escolhem ou adotam igrejas por seu estilo musical não pelas ferramentas didáticas.
Cursos de Educação Religiosa já não merecem o mesmo tratamento publicitário de outros; a Educação Cristã tornou-se reduto majoritário de mulheres; as Escolas de Teologia já não inspiram vocacionados para a área à medida em que a magistratura tornou-se acessória, anexa e desnecessária em muitos casos.
Congresso de Educadores – de tão raros, viraram interesse de ETs. Quando não são “puxadinhos”, “vicinais” ou periféricos de eventos hiper-mega-máxi-supra de Teologia, música e afins.
E hoje? Bem... Há iniciativas heroicas de resistentes românticos aqui e acolá. Há uma Associação de Educadores Cristãos Batistas do Brasil, grife nacional. Reunião de “moscas brancas” que tentam resgatar o personagem da educação eclesiástica. Mas o cenário é desolador: Ainda são vistos como concorrentes dos pastores em muitas igrejas. Em comparando à supervalorização dos ministros de música, vedetes nas denominações, educadores são figuras desnecessários, desimportantes e sem razão para ser.
Não é exagero afirmar: Se não é o mais importante (se pudermos assim dizer) também não deve ser “mais um”. Não se trata do Diretor da Escola Bíblica Dominical. É o gestor de um engrenagem global na igreja; algumas de suas atribuições: Gerenciar o currículo; pesquisar sobre necessidades e interesses; reciclar e treinar líderes; elaboração do programa comunitário, dentre muitas outras. Com um Educador o ministério infantil, de música, de comunicação, o culto, o discipulado, as missões e suas campanhas, a mentoria de vocacionados, supervisão de voluntários, a conexão com as escolas de Teologia... Só tendem a melhorar!
Do que trata Efésios 4.12-16? ("Querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de
Cristo") É hora de resgate: "Elementar, meu caro Watson".
By Geraldinho Farias
Falha nossa em não prepararmos pensadores e escritores para nossas igrejas , hoje com a terceirização de editoras seria bem facil termos material de conteudo biblico atualizado para o tempo que estamos vivendo para enfrentarmos o desafio do pos-modernidade com secularização , ateismo prático vigente em nossos dias.
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ResponderExcluirEu não colocaria toda culpa na "Lagoinização". Uma grande parte da culpa é dos pastores das igrejas locais e seus líderes que foram seduzidos e se deixaram levar, deram mais ênfases à "música gospel" do que ao discipulado. Esse movimento musical mostrou o quando o discipulado ou a mentoria esteve abandonada na nossa seara.
ResponderExcluirSei que é tema muito grande para ser abordado na íntegra por um artigo mas, os movimentos neo-pentescostais e "apostólicos" tem uma forte influência nessa geração de crentes água com açúcar.
grande abraço!
Texto forte, real e que deve gerar em nós uma reflexão a partir da indagação: E EU COMO EDUCADOR, O QUE TENHO FEITO ????
ResponderExcluirOlá. Fato. Grato pela apreciação.
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