terça-feira, 9 de dezembro de 2014

SÉRIE: AS CONTRADIÇÕES DO NATAL

Passo do Camaragibe/Al, berço de Aurélio Buarque de Hollanda. 
Não é das mais belas cidades, não possui arquitetura imponente. 
Mas seu povo é hospitaleiro, gentil, generoso... 

(Continuamos nossa série sobre o Natal. Fruto de minhas inquietações em explorar mais a história do nascimento de Jesus - indo além das "dezembrices" anuais...)

"Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." (II Coríntios 8:9)

1.Os Sentimentos do Natal Diferente das luzes, dos coloridos dos enfeites... O pano de fundo não seria uma sinfonia triunfalista; antes, um enredo de terror.

Os sentimentos do Natal: Uma sentença faz uma família lançar-se a uma jornada dramática. A história é a fuga pela vida! Um pai e uma mãe lutando por seu filho. Atrás, um edito, uma publicação para que as crianças do vilarejo fossem eliminadas. É o Estado (Herodes) déspota que não protege, ameaça e elimina. Uma família portanto luta para não ser mais uma vítima.

2. O Lugar, o cenário do Natal Não é a metrópole ou a megalópole – Atenas, Cairo, Roma... Não é a capital, o centro:

É a “perifa” da periferia: Nazaré, Belém da Judéia – “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”

Não foi no Palácio, numa monumental edificação arquitetônica; não foi na rigidez do concreto, sim, foi na ternura do campo, ali, bem acessível!

Não é na ‘maternidade’, centro médico, no conforto da hospedaria...

É na manjedoura. De manjar, lugar onde comem bovinos e cavalos; estrebaria ou estábulo.

3. A família do Natal Jesus não é recebido num “berço de ouro”; não é gerado na nobreza; não é da elite...

Seu pai é um José e Sua mãe é uma Maria – são sem-tetos em busca de um lugar. Simples assim. Ele será carpinteiro, reproduzindo a habilidade do pai. Não ter lugar hoje prenuncia como seria a sua vida despida de bens: O Filho do homem que não tinha "onde reclinar a cabeça"; e usaria o burro emprestado; celebraria a Ceia na casa do amigo; e seria sepultado num túmulo emprestado. 
Estamos diante de uma família absolutamente simples. A herança legada a Jesus por seus piedosos pais foi o temor a Deus.

4. Os símbolos do Natal Não é a árvore enfeitada com luzes e cores – símbolo da imponência; mesa farta, luxo, pompa, ostentação

É a manjedoura; é o que é possível; é a carência; o desprovimento; Não é a coisa pronta, ganha – é virar-se no que der.

É a reciclagem, o improviso, a arte – o set dos bichos se torna uma maternidade.

É a solidão de uma família envolta aos animais e o paisagem bucólica. Não é “o” lugar, é o lugar-comum, lugar-qualquer.

Deus faz um gesto na direção dos necessitados. Deu certo porque Ele está do lado, acima e além dos que sofrem e dos humildes.

Conclusão A vivência oferecida pela história do Natal é, antes, um estímulo à sobrevivência. Não é o evento demonstrativo do poder, da riqueza, do patrimônio. Não é o poder de ser ou para ser. 
A contundente narrativa, a confrontação, o paradoxo, a antítese, é o que dá o tom: No mais improvável lugar, ante a mais improvável circunstância, cercado pela mais improvável família, nasceu um Rei:

Não é o odor, fragância da Boticário, Laqua Di Fiori ou Avon: É o cheiro de estrume;

Não é o colchão Ortobon, Probel,... É a palha, o feno;

Não é o auditório do The Voice, não é a torcida do Boca na Bombonera: São os animais.

Não é o kit-maternidade de grife, o conforto, a marca ISO 9000, 14000: É a cobertura do céu estrelado, da brisa suave.

É o triunfo de uma família a nos ensinar sobre o que mais importa: Ela mesma, a própria família junta, superando, sobrevivendo! O Natal é o triunfo sobre a coisificação. É a marca da simplicidade. É a contramão do mundo. 
By Geraldinho Farias

Camaragibanos: Nasceram numa grande manjedoura...
Crescem, vivem e sobrevivem num Natal permanente.

Um comentário:

  1. Este hino do Cantor Cristao revela o que o irmao esta revelando.
    Não teve um palácio no mundo o Senhor,
    Nem honras lhe deram de Rei Salvador;
    Mas a manjedoura só pôde encontrar,
    Porque não havia mais outro lugar.

    Não há lugar pra Cristo
    Em tua vida e lar?
    Terás, então, de ouvir dizer:
    'No céu não tens lugar.'

    Aqui, nos prazeres, tu queres viver,
    Gastando os talentos e todo o teu ser?
    Por que continuas no triste pecar?
    Por que não concedes a Cristo lugar?

    Oh, quão infelizes as almas sem luz,
    Ingratas, perdidas, sem paz, sem Jesus!
    Sim, Cristo hoje mesmo deseja habitar
    Em ti, meu amigo. Oh, dá-lhe lugar!

    ResponderExcluir

A SANTA QUE O MUNDO TENTOU APAGAR

Maria da cidade de Magdala - uma vila de pescadores do Mar da Galileia, na Judeia, a popular Maria Madalena, ou, apenas Madalena, é das pers...