terça-feira, 6 de agosto de 2013

ÉRAMOS SEIS

Tomo emprestado o título do romance de Maria José Dupré, de 1943, e adaptado para o cinema e televisão. Da história teço alguns paralelos...

Dona Lola seria minha mãe, D. Juvanira, conhecida como Vanda – cardiopata desde os 70, e sua família: Seu Júlio, meu pai, Jaime Alves da Rocha; e os 4 filhos – 3 meninos e 1 menina.

A trama tem seu epicentro com a morte de Seu Júlio e a dispersão dos filhos - destinos inesperados e a distância oceânica que os separam. Seu Jaime faleceu em março de 2011. A imagem enfoca nosso último encontro: Para celebrar meu aniversário em abril
de 2009. Papai e mamãe, ladeados dos filhos na ordem: Marcos, Jerônimo, Janeide e Eu.

Hoje vivemos em 3 estados diferentes desse país continental. Dona Lola, isto é, Dona Vanda, continua a lutar por sua saúde; Marcos, músico, é casado e pai de 3 filhos; Jerônimo, empresário, é casado e pai de 4 filhos; Janêide, viúva, policial militar, vive com Mamãe e sua filha, Deborah; e eu, casado e pai de duas meninas. O romance tem quase a idade de Mamãe...

Papai tinha princípios rígidos. Ostentava a qualidade que mais ensinou: A honestidade. Rigoroso com seus compromissos, antecipava pagamentos. Sua ojeriza com dívidas contagiou-me... rs. Gente simples, do povo e do campo, recebeu uma conta muito cara pra pagar após décadas como alcoolista, mas, não sem antes experimentar  a graça de Deus em conceder-lhe generosa década para reconstrução de laços familiares...

Do seu passado ouvimos inúmeros testemunhos: O Jaime jogava bola; muita bola; um bolão. Armador versátil. Iam buscá-lo para reforçar o time. E sua fama corria a região. 

O que mais me tocou na vida de Seu Jaime foi sua capacidade em atrair amizades. Um relações-públicas por excelência: Capaz de atrair e incapaz de trair, enfatizo. Um incansável anfitrião – legado por meus avôs, Seu João Norberto e Dona Domícia da Rocha. 

É paradoxal: Seu Jaime era orgulhoso de sua simplicidade. Gostava e gastava em exibir seu desapego; e bradava a quem quisesse ouvir sobre sua inexpugnável honradez. Carrego a impressão de que o muito do que sonegou ou que não pode nos oferecer foi pouco diante do pouco que nos deu, à sua maneira, e que fez muita diferença em cada um de seus filhos. Nosso "Chefe", como o chamávamos, foi pessoa admirável!

(Minha filha, Sarah, 6, quando quer atenção, vez por outra diz chorando: “Papai, tô com saudades do Vô Jaime”. Ela não o conheceu tanto, mas, nunca me furtei em mostrar imagens dos dois, pois quero que saiba de quem e de onde viemos...)

Papai, que saudades de você! 

Éramos Seis. Lamento que não sejamos mais. By Geraldinho Farias.

Um comentário:

  1. Parabéns Amado Geraldo,

    Grande atitudes de ensinamentos.

    Beijos e abraços,

    Jeronimo

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