(Uma crítica ao
modelo de educação de filhos em voga.) Filhocentrismo. Seu cerne: filhos
blindados contra frustrações. Desconhecem limites e o “não” de seus pais.
Os
pais são meros serviçais. Não há um papel regulador, limitador, orientador. Do
trono – conveniências, audácias, caprichos - crianças impõe aos pais a condição
de expectadores de criaturas indomáveis, coadjuvantes de reizinhos e
princezinhas.
Pais
que vêem o filho mexendo na casa alheia num adereço que poderá quebrar. Apenas
assistem. Ele quebra e... Nenhuma repreensão ou reparação. O script se
cumpre, afinal são apenas expectadores!
Amigos
que, preocupados com alguma situação de risco – agressão a outro
amiguinho, por exemplo, dão um delicado alerta: “Presenciei o... (Reizinho) brincando de forma agressiva com o amiguinho. Poderia tê-lo machucado”. Os pais desconfiam da denúncia, incrédulos quanto à possibilidade do Reizinho ser capaz de machucar...
amiguinho, por exemplo, dão um delicado alerta: “Presenciei o... (Reizinho) brincando de forma agressiva com o amiguinho. Poderia tê-lo machucado”. Os pais desconfiam da denúncia, incrédulos quanto à possibilidade do Reizinho ser capaz de machucar...
Dentre
as lamentações quando diante de juvenis que atropelam regras e
orientações estão os consagrados “Dei tudo o que pude”, “Faço todo o possível”,
“Não lhes falta nada”. O “dar” refere-se a coisas, presentes,
patrocínios. O “dar” é “coisificação”, apenas. É como se enchê-los de tudo
fosse o bastante no cumprimento do seu dever. Dá-se coisas, sonega-se
disciplina, orientação, o que é vital à maturidade responsável. Cumprem bem a
roupagem de meros abastecedores de filhos consumistas e insaciáveis, e só.
Respostas
duras e mal-criadas nocauteiam pais em praça pública. No
super-mercado a princesinha quer o brinquedo. Pede, pede... Os pais
respondem: “Não! Não!" Usa pálidos argumentos: é "caro demais”; “hoje
não dá”; “se chorar aí é que eu não dou mesmo”. Aí a Princesinha aumenta os
decibéis, espezinha e berra à exaustão. Então, constrangidos, os pais
cedem... Você já presenciou esta cena?
O
mundo é trazido para dentro de casa através dos fios ópticos da internet. E
contam com a conivência de pais que não acompanham, não supervisionam o
conteúdo. Cada vez mais precoce, vestem-se à moda, usam a última tecnologia.
Coisas presentes, orientações ausentes.
Uma
tendência é a “terceirização” da educação. Transferem a tarefa para a Escola ou
Igreja. Miram naqueles que seriam apoiadores, parceiros. Estão prontos ao
denuncismo quando estes braços não conseguem conter, regular os
monarcas juvenis. Reclamam à exaustão na tentativa de convencer que
cabe aos professores e educadores a tutela de suas criaturinhas.
Flagrante
omissão custa caro. Os resultados estão aí: Noticiários repletos de infratores
senhores da própria vida, espaçosos, ultrajadores dos direitos alheios e das
regras de convivência. Jovens que ocupam vagas reservadas para idosos;
furadores de filas; afrontadores dos mestres. Humilhadores criativos e
impiedosos dos amigos (bullying). Pais impotentes à luz do dia e sob
testemunhas atônitas. Os "senhorzinhos" dos anéis manipulam,
xingam e afrontam sem dó: São absolutos!
As
Fundação Casa (antiga FEBEM), Centros de Detenção Provisória e as instituição
que tratam dependência química estão abarrotadas de ex-reizinhos e
ex-princesinhas num conto de fadas às avessas. E pais chorando... Tarde.
Educar,
intervir, ensinar é demonstração prática de amor aos nossos filhos. Quando
faltamos, sobram prejuízos incontáveis: Para a família e para a
sociedade. Somos formatadores. É melhor dizer “não” e impor limites – ao
custo momentâneo da incompreensão, que se omitir e
viver pesadelo futuro. Nós, pais, somos artesãos da cidadania: A
didática dos direitos/deveres, causas/efeitos, bem/mal, o certo/errado, estão
sob nossa responsabilidade. O remédio às vezes é amargo, mas é necessário.
A
relação familiar não é um conto de fadas; nossa casa não é um castelo; e a
tratativa não pode ser entre monarquinhas e súditos; os bruxos não estão lá
fora. A “realeza” está na educação responsável. Portanto, não basta ser pai:
Tem que disciplinar! By Geraldinho Farias
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