domingo, 12 de abril de 2020

O MILAGRE DA CELA 7

Ramake da peça coreana, a produção turca é um achado. Também para avisar que, procurando, podemos garimpar obras bem elaboradas fora dos EUA, como o italiano A Vida é Bela, de 1997, e O Caçador de Pipas, de 2007.

 

A temática do milagre não expressa o que comumente se traduz – a mística, o sobrenatural... Uma anciã, uma criança e um jovem com deficiência intelectual, três indefesos, experimentam a brutalidade de um mundo insano e injusto, onde os fortes oprimem e se mantém sobre os mais fracos.

São muitos seus atributos: As caracterizações de Aras Bulut Iynmli (Memo), e Nisa Sofiya Aksongur (Ova), numa relação de amor à toda a prova e, para além do vilarejo, descortina e transforma o universo do cárcere cheio de histórias, rupturas, desfazimentos, culpas,... O ambiente é transformado quando até mesmos os mais brutais e as autoridades se convertem à docilidade e ingenuidade de Memo. O milagre reside em que até mesmo facínoras tornam-se sensíveis e solidários em pôr as coisas no devido lugar e, Ova, ao ver criminosos como doentes e a penitenciária como um grande hospital, re-faz a cosmovisão de todos.

Lá para tantas aspectos religiosos revisam a culpa e formatam decisões. Mas como efeito primeiro da insuperável e inseparável afeição entre pai e filha. Todos, e cada um em particular, reelaboram e compartilham suas durezas convertidas em levezas. 

É dramático além da conta? Acredito que ninguém passará incólume aos conceitos de humanidade ecoados em O Milagre da Cela 7 (Turquia, 2019), tão necessários à civilização nossa. By Geraldinho Farias

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