Ramake da peça coreana, a produção turca é um achado. Também para avisar que, procurando, podemos garimpar obras bem elaboradas fora dos EUA, como o italiano A Vida é Bela, de 1997, e O Caçador de Pipas, de 2007.
A temática do milagre não expressa o que comumente se traduz – a
mística, o sobrenatural... Uma anciã, uma criança e um jovem com deficiência
intelectual, três indefesos, experimentam a brutalidade de um mundo insano e
injusto, onde os fortes oprimem e se mantém sobre os mais fracos.
São muitos seus atributos: As caracterizações de Aras Bulut Iynmli
(Memo), e Nisa Sofiya Aksongur (Ova), numa relação de amor à toda a prova e,
para além do vilarejo, descortina e transforma o universo do cárcere cheio de
histórias, rupturas, desfazimentos, culpas,... O ambiente é transformado quando
até mesmos os mais brutais e as autoridades se convertem à docilidade e
ingenuidade de Memo. O milagre reside em que até mesmo facínoras tornam-se
sensíveis e solidários em pôr as coisas no devido lugar e, Ova, ao ver
criminosos como doentes e a penitenciária como um grande hospital, re-faz a
cosmovisão de todos.
Lá para tantas aspectos religiosos revisam a culpa e formatam decisões.
Mas como efeito primeiro da insuperável e inseparável afeição entre pai e
filha. Todos, e cada um em particular, reelaboram e compartilham suas durezas
convertidas em levezas.
É dramático além da conta? Acredito que ninguém passará incólume aos
conceitos de humanidade ecoados em O Milagre da Cela 7 (Turquia, 2019), tão
necessários à civilização nossa. By Geraldinho Farias
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