sexta-feira, 1 de setembro de 2017

SUICÍDIO NAS TELAS

A campanha de prevenção ao suicídio “Falar é a Melhor Solução”, propõe a discussão do tema – um dos maiores tabus sociais – para conter a explosão de casos no Brasil. Neste ano vivemos a midiatização do tema através da popularização do jogo “Baleia Azul” e a Net-série “Os 13

Porquês”.

Um dos poderosos instrumentos de discussão é a indústria cinematográfica. A “sétima arte” levou às telas um vasto repertório sobre o fenômeno. Aqui, algumas sugestões:

Gente Como a Gente (1980), de Robert Redford. A morte prematura em um acidente de um dos filhos de uma família de classe média alta acaba afetando a todos, principalmente o irmão da vítima, que se considera responsável pelo ocorrido e está em tratamento psiquiátrico. No entanto a mãe faz questão de manter as aparências, para não dar a entender que a unidade familiar foi quebrada.

Nos Limites do Silêncio (2001) - Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo fato e na verdade ele também se considerava culpado. Três anos após o trauma, Michael não dá mais consultas até que uma ex-aluna lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto marcado por uma tragédia familiar e muito parecido com seu filho...

Mar Adentro (2004) - Alejandro Amenábar levou ao cinema a história do marinheiro e escritor Ramon Sampedro (Espanha, 1943 – 1998). Interpretado por Javier Bardem, o marujo torna-se tetraplégico desde aos 25 anos; e a história descreve sua luta na Justiça por seu direito a morrer dignamente. Tendo em vista sua incapacidade física de suicidar-se, Ramon desejava que seus amigos e familiares o ajudassem a morrer sem que cometessem algum delito.

Como Eu Era Antes de Você (2016) – Will Traynor, 35, vivia num sonho paradisíaco – CEO em Londres, rico, namorada perfeita, um aventureiro invejável. Louisa Clark, Lou, de um vilarejo simples, trabalhava num café, morava com a família, namorava o desinteressado Patrick, numa juventude normal e comum, sem ousadia ou planos maiores.

As circunstâncias sacodem suas rotinas e logo são desafiados a enfrentar realidades absolutamente antagônicas. Will sofre acidente e fica tetraplégico. Lou, desempregada, se vê obrigada a arrumar um trampo qualquer pra se manter. Seus destinos se cruzam. Sem opção, Lou aceita trabalhar para cuidar de um... Tetraplégico. Mesmo sem experiência, encara o desafio.

O filme é da grife “Como Eu Era..”, de Jojo Moyies (Me Before You (2012), em português, Intrínsica - 2013)  -  um contraponto ao mundo pictórico, conto de fadas das redes sociais que vivemos. Uma experiência irônica que é a experiência humana e como a cosmovisão existencialista dá o tom (enquanto poderoso, Will vive; imobilizado, sem sentido).

Uma obra de ficção pode influenciar as pessoas a reproduzir o ato suicida??? Isto é, um filme ou livro pode ser um “gatilho” para pessoas vulneráveis ou sob crise aguda???

Como tudo o que envolve o fenômeno as respostas e análises não devem ser simplistas ou reducionistas. Há quem defenda a tese. A obra Os Sofrimentos do Jovem Werther, escrita pelo famoso J. W. Goethe em 1774, conta o drama de um jovem que vive uma paixão profunda, típico amor impossível com Charlotte, comprometida com Albert; a desilusão fez Werther tirar a própria vida. A obra é publicada e, com ela, uma onda de suicídios em “efeito dominó” cobre a Europa... Daí a expressão “efeito Werther”.

A média global de suicídios é de 11,4 por 100 mil habitantes, sendo 15|100 mil entre homens e 8 entre as mulheres. No Brasil estamos em 6|100 mil, mas em franco crescimento; entre 2000 e 2012 saltamos de 7.726 para 10.321 casos!!!

As várias plataformas de mídia removeram fronteiras. A democratização e acesso da informação têm por efeito trazer assuntos dantes proibitivos para as salas de aulas, ambientes profissionais etc. A campanha “Falar é a Melhor Solução” propõe estimular uma discussão sobre o fenômeno. Os filmes alistados podem servir de conteúdo para grupos de alunos em escolas, pequenos grupos em igrejas e outros. By Geraldinho Farias

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