A campanha de prevenção ao suicídio “Falar é a Melhor Solução”, propõe a discussão do tema – um dos maiores tabus sociais – para conter a explosão de casos no Brasil. Neste ano vivemos a midiatização do tema através da popularização do jogo “Baleia Azul” e a Net-série “Os 13
Porquês”.Um dos poderosos instrumentos de discussão é a indústria
cinematográfica. A “sétima arte” levou às telas um vasto repertório sobre
o fenômeno. Aqui, algumas sugestões:
Gente Como a Gente (1980), de Robert Redford. A morte prematura em um
acidente de um dos filhos de uma família de classe média alta acaba afetando a
todos, principalmente o irmão da vítima, que se considera responsável pelo
ocorrido e está em tratamento psiquiátrico. No entanto a mãe faz questão de
manter as aparências, para não dar a entender que a unidade familiar foi
quebrada.
Nos Limites do Silêncio (2001) - Michael Hunter (Andy Garcia)
é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor
Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny
(Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo fato e na verdade ele também se
considerava culpado. Três anos após o trauma, Michael não dá mais consultas até
que uma ex-aluna lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent
Kartheiser), um garoto marcado por uma tragédia familiar e muito parecido com
seu filho...
Mar Adentro (2004) - Alejandro Amenábar levou ao cinema a
história do marinheiro e escritor Ramon Sampedro (Espanha,
1943 – 1998). Interpretado por Javier Bardem, o marujo torna-se
tetraplégico desde aos 25 anos; e a história descreve sua luta na Justiça
por seu direito a morrer dignamente. Tendo em vista sua incapacidade física de
suicidar-se, Ramon desejava que seus amigos e familiares o ajudassem a morrer
sem que cometessem algum delito.
Como Eu Era Antes de Você (2016) – Will Traynor, 35, vivia num
sonho paradisíaco – CEO em Londres, rico, namorada perfeita, um aventureiro
invejável. Louisa Clark, Lou, de um vilarejo simples, trabalhava num café,
morava com a família, namorava o desinteressado Patrick, numa juventude normal
e comum, sem ousadia ou planos maiores.
As circunstâncias sacodem suas rotinas e logo são desafiados a enfrentar
realidades absolutamente antagônicas. Will sofre acidente e
fica tetraplégico. Lou, desempregada, se vê obrigada a arrumar um trampo
qualquer pra se manter. Seus destinos se cruzam. Sem opção, Lou aceita
trabalhar para cuidar de um... Tetraplégico. Mesmo sem
experiência, encara o desafio.
O filme é da grife “Como Eu Era..”, de Jojo Moyies (Me Before You
(2012), em português, Intrínsica - 2013) - um contraponto
ao mundo pictórico, conto de fadas das redes sociais que vivemos. Uma
experiência irônica que é a experiência humana e como a cosmovisão
existencialista dá o tom (enquanto poderoso, Will vive; imobilizado, sem
sentido).
Uma obra de ficção pode influenciar as pessoas a reproduzir o ato suicida???
Isto é, um filme ou livro pode ser um “gatilho” para pessoas vulneráveis ou sob
crise aguda???
Como tudo o que envolve o fenômeno as respostas e análises não devem ser
simplistas ou reducionistas. Há quem defenda a tese. A obra Os Sofrimentos do
Jovem Werther, escrita pelo famoso J. W. Goethe em 1774, conta o drama de um
jovem que vive uma paixão profunda, típico amor impossível com Charlotte,
comprometida com Albert; a desilusão fez Werther tirar a própria vida. A obra é
publicada e, com ela, uma onda de suicídios em “efeito dominó” cobre a
Europa... Daí a expressão “efeito Werther”.
A média global de suicídios é de 11,4 por 100 mil habitantes, sendo
15|100 mil entre homens e 8 entre as mulheres. No Brasil estamos em 6|100 mil,
mas em franco crescimento; entre 2000 e 2012 saltamos de 7.726 para 10.321
casos!!!
As várias plataformas de mídia removeram fronteiras. A democratização e
acesso da informação têm por efeito trazer assuntos dantes proibitivos para as
salas de aulas, ambientes profissionais etc. A campanha “Falar é a Melhor
Solução” propõe estimular uma discussão sobre o fenômeno. Os filmes alistados
podem servir de conteúdo para grupos de alunos em escolas, pequenos grupos em
igrejas e outros. By Geraldinho Farias

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