sexta-feira, 18 de agosto de 2017

LED, CÂMERA, FICÇÃO!

Alucinações sobre nosso mundo pictórico. O mundo das imagens. Redes sociais, marketing, larga exposição e... Tornamo-nos compulsivos e voyeuristas.

Hoje como nunca, uma imagem fala mais que mil palavras. Não basta dizer, é preciso mostrar. Diz-se, mostrando. Não se ouve, não se lê: Se vê.

O Smartphone tornou-se mais potente que um AK 47 ou mesmo uma ogiva nuclear: Está por toda a parte reportando, elucidando, gravando; flagrando, denunciando e destruindo reputações...

Uma arma em punho, à mão, dedo no gatilho, a deslizar, tocar e explodir mundo a fora imagens e vídeos para a patuleia esfomeada, carente por vítimas, pseudo-celebridades e dublês de famosos. Em instantes, num clique, o Saara vira mar e, uma gota, oceano.

O aparato dos registros estão por toda a parte (“Sorria, você está sendo filmado”, “Via monitorada por câmeras” etc.) fazendo cumprir a profecia de George Orwell em “1984”, obra publicada em 1949 que descreve uma sociedade vigiada por um estado totalitário. Somos Winstons aprisionados pela ditadura da estética, das visualizações, dos retratos, cliques e telas e sob os olhos do Big Brother.
Não sei por quanto tempo a vida translúcida vencerá a última fronteira da privacidade: O banheiro, o vaso sanitário... O último M2 onde ainda vivemos nossa privacidade.

A Indústria do Cinema retratou o modelo: Invasão de Privacidade (1993) inaugura uma era de compulsivos espiadores, implacáveis como Zeke, o síndico que vigia a vida de todos os moradores do prédio através de câmeras distribuídas em cada apartamento, a reedição do voyeur de Janela Indiscreta (1955).

Em O Show de Truman (1998) um pacato vendedor de seguros leva uma vida simples numa cidadezinha americana, sem perceber que é monitorado por câmeras e assistido em rede nacional, desde seu nascimento...

Violação de Privacidade (2005): Os pais implantam chips nos filhos onde são registrados todos as experiências; após a morte, retira-se o chip e faz-se uma edição da vida a ser exibida na cerimônia fúnebre. Alan Hakman (Robin Williams) é o competente editor a repaginar os pecados dos indivíduos... Mas, ele próprio, distante nas relações, terá que buscar a verdade sobre um amigo de infância. Uma ficção não muito estranha ao nosso tempo.

Voltemos aos smartphones; ainda nesta geração suplantará o dinheiro, os cartões de créditos,... Ganharão usos diversos; será impossível viver sem. Já é qual órgão do corpo humano, extensão deste: Esquecê-lo é perder-se.

Sobre os cliques e imagens: Crescemos ouvindo que as imagens mostram, exibem, expõem. Provoco um contraponto. Nem sempre. A publicidade já faz uso de imagens que confundem, distorcem, turvam, nublam,...

Nas redes sociais vemos casais a exibirem invejáveis cenas melosas de amor, declarações poéticas, descrevendo a perfeita felicidade de ambos e... Tempos depois, aqui na realidade, recebemos a notícia de que se separaram, romperam, divorciaram-se! Hã, como assim!?!?

E aqueles que exibem a cena paradisíaca, o habitat dourado, o sonho absoluto e, quando os encontramos estão frustrados, depressivos, nocauteados! Hã, como assim!?!?

E ele|ela que exibia dentes branquíssimos, brilhantes, sorriso hollywoodiano, aparência aferida pelo InMetro, poses de Caras  no Istagram-Facebook e hoje, sim, hoje, cometeu... Suicídio! Hã, co-mo-mo-as-sim!?!? (...)

O modelo de vida das telas, qual passarelas douradas, onde desfilam personagens do World Perfect é de fato atraente e sedutor, mas, tem estimulado uma duplicidade de caráter, cinismo e hipocrisia contumazes em muitos.

As imagens – elas, muitas, muitíssimas vezes – pretendem esconder! Isso mesmo: Muitas vezes as imagens não mostram, escondem.

Ainda que nós exibamos um verão permanente ou um suposto controle sobre nossas experiências, o photoshop não é capaz de eclipsar a realidade: Cansamo-nos, adoecemos e envelhecemos!

A vida simples, desprovida de luxo e conforto, despretensiosa do sucesso permanente e holofotes dos nossos ancestrais, banida de nossa ficção já advertia: “Nem tudo o que reluz...”; “Por fora, bela viola...; “As aparências...”

Por uma realidade sem inveja, comparações e cobiças. Ah, meu Deus do Selfie, enquanto intimidades estão à céu aberto, voltemos à discrição, sobriedade e equilíbrio. By Geraldinho Farias

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