quinta-feira, 13 de outubro de 2016

FORA DE ÓRBITA

A sociedade nos vê sob uma perspectiva caricata. O neopentecostalísmo, a versão que mais cresce no Brasil, infla a sensação de que o crente vive “fora de órbita”. Fala-se tanto do céu que se desconecta o indivíduo de sua vida na terra!

O evangelicalismo cresceu como sistema à parte. O indivíduo se converte e, no primeiro ano reduz sua vivência com os "do mundo". Há quem celebre se em seu novo ambiente de trabalho identifica e encontro outros adeptos de igrejas. Seria o caso de querer ser sal do sal ou... Luz da luz!

Com receio “do mundo” famílias estimulam a convivência com outros (religiosos) iguais.

Os programas de TV, supostamente para evangelização, soam como prosa para... evangélicos. Usa-se o igrejês para o público da... igreja.

Na média, exceto abordagens tímidas de alguns grupos, o evangélico típico é alguém que não sabe viver senão num gueto social. É como se a vivência ou convivência com o “mundo” os ameaçasse. Isso apenas é o efeito de uma mística que isola, recorta, cristaliza o “nós” x “os outros”. Em suma, é muito comum que indivíduos religiosos não saibam conviver com o outro diferente, contrário.

Nos primeiros séculos o monarquismo foi opção. A vida isolada num mosteiro era um antídoto contra o mundo. Hoje a nova modalide do monastério seria um casulo social: A separação, distinção relacional. Tornar-se “ET”, perigosa alienação. Vejamos:

Sempre que surge uma peça, produto ou conteúdo antagônico, conflitante ou avesso à teologia protestante-evangélica ou que confronta a doutrina ou mística cristã, assistimos reações de líderes e opiniões de crentes denunciando, vociferando contra. Por exemplo, denuncia-se produtos da Disney com personagens que sugerem a prática homoafetiva. Não assista! Boicote!

Reclama-se do conteúdo das novelas da Globo – personagem, enredo, cena – mostrando perversão e prostituição. Não assista! Boicote!

Outro exemplo, associar jogos eletrônicos ao satanismo, como o Pokemon Go: Não compre! Não use!

Em junho de 2015 Silas Malafaia vociferou contra a Boticário por uma peça publicitária alusiva à homoafetividade: Propôs um boicote aos produtos da empresa... 

E coisas assim. Vou na contramão. Essas fontes produzem do que lhe são peculiares ou naturais. Empresas do mundo produzem coisas para o... Mundo! Minha denúncia é mais sobre a imaturidade e desconhecimento de teologia e Bíblia que propriamente uma inquietude sobre Disney, Globo ou sei lá o que.

Primeiro: O que a massa evangélica espera que a Disney, Globo e a indústria de entretimento produza se não aquilo que é do seu habitat? “Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve.” (I Jo 4.5). Onde está a novidade?

Segundo: A Bíblia diz que o mundo jaz onde, no benigno? (I Jo 5.19) Está surpreso com o que?

Terceiro: Evangélicos não querem produtos associados à prática homoafetiva, não querem novelas que fazem apologia ao sexo livre, não aceitam um administrador de religião espírita...??? É simples: Lotem ônibus espaciais e vão morar em Júpiter... Disse o Nazareno: “Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal” (Jo 17).

Líderes alienados (supostos tutores) me indignam.

Religiosidade que imbeciliza e infantiliza me indignam. 

Não ví o "bocão" dos evangélicos berrar contra Apple, Coca-Cola, Starbucks, Nike, Facebook, pelo apoio ao “casamento gay”. Seria interessante Malafaia propor boicote à Google (!!!), e mandar lançar equipamentos da Microsoft no lixo!

Extremos conspiram contra a imagem dos evangélicos: Nem consumistas, adesistas, sob contaminação, envolvimento sem crítica; nem apartados, alienados, isolados, extraterrestres.

Não fazemos ciência, não produzimos pensadores e nos mantemos em certa medida sob uma alienação preocupante. Pequenos grupos, células ou comunidades inteiras devem produzir cidadania responsável e discipulado de convivência, conectados à realidade. Quem disse “vinde a mim”, disse também “ide por todo o mundo”. By Geraldinho Farias

Um comentário:

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