"ESCOLA DE PRINCESAS" - UMA CRÍTICA

A notícia: “Silvia Abravanel, filha do apresentador e dono do SBT Silvio Santos, abriu, no último dia 19, a chamada Escola de Princesas, em São Paulo. A empresa é franquia de instituição de Minas Gerais e, com o lema "toda garota

sonha em ser princesa", dá aulas de etiqueta, culinária, organização doméstica e costura para meninas de 4 a 15 anos.

Em entrevista à revista Veja, Silvia afirmou que um dos ensinamentos da escola é o da virgindade. "Um dos motivos pelos quais estou me empenhando na Escola de Princesas é o resgate de valores morais das meninas que estão iniciando a vida sexual cedo demais. Fui educada para me casar virgem e comecei minha vida sexual tardiamente, não pulei fases e foi minha melhor escolha. Garanto que os pais e os avós irão nos agradecer por conseguirmos, nem que seja em um grupo pequeno, resgatarmos estes conceitos."

A escola é alvo de críticas por representar o que muitos consideram um retrocesso nos direitos das mulheres. Cleber Belato, diretor da escola, discorda. Para ele, a instituição ensina uma "independência saudável". "No caso de ela passar no vestibular e ir morar sozinha, vai saber lidar com essa situação sem depender de ninguém", diz.

Opinião: Qualquer escola pode propagar um valor;

Um único valor (virgindade) não assegura que a função educacional da escola seja necessariamente boa – o que poderá ser, no conjunto de suas intenções, e há, ao propor o “resgate dos valores éticos e morais”; há excelentes propostas pedagógicas em escolas confessionais, como o Colégio Adventista, por exemplo.

Esse valor, especificamente, deve ser moldado lá em casa - formação familiar, assim como outros valores – honestidade, perseverança etc

Alistar um filho para assegurar um modo/estado como a virgindade é para lá de medieval – cinto de castidade como recurso pedagógico?

A expressão de marketing “das princesas” não cabe em educação; é rotuladora, preconceituosa, aponta para “classe” ou “casta”. Comumente aponta para uma instituição educacional voltado à infância (creche, jardim, pré-escolar).

A iniciativa já logrou êxito: Está nas manchetes como espetáculo – “a castidade, em extinção, terá uma mantenedora, a instituição tal”.

"Todo sonho de menina é tornar-se uma princesa". Será? Haverá, em breve, a escola dos príncipes?

Educação em franquias, um grande negócio: Com um marketing desses já é sucesso! Vem sob ventos conservadores da classe média e da solidificação do modelo de redoma, proteção contra "o mundo" - chá das, férias de, cursos de, etiquetas de, tarde das, encontros das; elas, as princesinhas, filhas de rainhas, que não se misturam, já tem seu "castelo" e a fantasia monocromática pink, e estarão seguras dos inimigos e das escolas das... bruxas. Ta-rannn!

Escola de consumo, caricata, estereotipada, bem ao estilo Facebook. By Geraldinho Farias