sábado, 10 de setembro de 2016

SOBRE OS SUICÍDIOS DE PASTORES

O admirável Tio Aroldo, autor do Hino Oficial
do Movimento "Desperta Débora!"

Neste espaço discorremos sobre a depressão como “mal do século” e de como o fenômeno é comum entre ministros religiosos, ainda que a doença seja minimizada em muitos ciclos.           

Denunciamos o exercício insalubre e perigoso a que inúmeros ministros religiosos se submetem sob os diversos aspectos da pressão por resultados, conflitos relacionais, do adoecimento físico-

mental-espiritual (Síndrome de Burnout) ou como vítimas de transtornos mentais.

Mencionamos a importância de se melhorar as instituições de preparo de vocacionados. O importantíssimo mentoreamento dos aspirantes e a saudável mutualidade entre pastores.

Graças a Deus que este quadro não é generalizado. Mas, aconselhando e compartilhando com amigos ou na prática Clínica, em grupos de apoio ou em seminários para vocacionados, concluímos que nunca foi tão difícil o enfrentamento das demandas do ministério no que se refere à saúde mental.

No “mês amarelo” um suicídio chocou a região do Vale do Aço, em Minas Gerais: O reverendo Aroldo Telles Sampaio Júnior, 46, líder da Igreja Presbiteriana do Brasil, Congregação do Santa Cruz, em Cel. Fabriciano. Natural de Ipatinga, divorciado, Aroldo Telles lidava com quadro de transtorno afetivo bipolar. Nesta sexta, 09/09, véspera do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, atentou contra a própria vida. Telles deixou uma filha adolescente, Isadora.

A realidade desmonta a falácia de que indivíduos crentes possuem “blindagem” contra a depressão, ainda uma fronteira a ser superada. E que não é possível que religiosos resistam ao tratamento especializado com os profissionais da saúde mental, ainda um tabu.

O ato suicida diz mais respeito às nossas fragilidades e limites, isto é, à humanidade despida, que propriamente à confissão de fé e suas supostas “vacinas”.

Refere-se mais aos gritos amordaçados e gemidos de um soldado cansado, sob exaustivas pressões, frustrações, privações e manifestações reprimidas, que o grau de convicção que afirmamos possuir.
Expõe o deserto a que nós, líderes, muitas vezes nos encontramos. À solidão, asfixia e angústia.  

Episódios tristes como este apenas aproximam os humanos. Não são as panóplias dos rituais ou títulos sacros que nos distinguem. Nós, que agimos muitas vezes como candidatos a anjos e a super-heróis, devemos atentar para a recomendação paulina: "Tem cuidado de ti mesmo" (I Tm 4.16).

Apreciado pregador do Evangelho, muito querido pelos seus amigos, o reverendo deixa vasta obra musical em CDs gravados de hinos clássicos e outros de sua autoria; também conhecido por "Tio Aroldo" contribuiu para a hinódia infantil: "Posso Ser Um Missionariozinho", "Leia a Bíblia" e "Soldado de Cristo", entre outras peças, são cantadas por gerações. O Reverendo ecoará para sempre na vida das mães que intercedem por seus filhos: É de sua autoria o Hino Oficial do Movimento Desperta Débora.

Orações e solidariedade à sua família, comunidade e amigos mais próximos. Que o Senhor Deus seja percebido de uma forma especial. 

Insisto: Há muito o que aprofundar, propor e investir ante esta dramática realidade.

Sejam entre as corporações de ministros, sejam nas iniciativas fraternais em grupos de mentorias, confissões e apoio. E até mesmo em recomendações sistemáticas às comunidades, para que sejam sensíveis na provisão, proteção e cuidado com seus ministros. "Como vai você?" É hora de aproximação, de abraços e ouvidos. By Geraldinho Farias

11 comentários:

  1. Realmente precisamos de mais mutualidade entre ministros do Evangelho de Cristo, meu nobre e amigo Geraldinho. Mas uma coisa me intriga em sua abordagem: os que não adotam a psicologia como método de enfrentamento da depressão afirmam que os crentes são blindados contra a depressão? Confesso que nunca ouvi isso nos meios mais ortodoxos e conservadores. Outro questionamento que faço, agora direcionado à eficácia da psicologia: por que muitos que passam pelos consultórios há anos não são "curados" de seus quadros depressivos e alguns chegam até ao suicídio? Não seria por que muitos quadros depressivos só se trata quando o coração do homem é quebrantado pela Palavra de Deus? Salvos os casos de disfunções orgânicas, não seria a falta de ministração genuína da Palavra de Deus a causa de tantas frustrações? Ficam alguns questionamentos que faço em tom respeitoso, mas enfático! Creio que estamos trocando a suficiência das Escrituras para as mais diversas terapias seculares. Forte abraço do amigo Pablo

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  2. Penso que a causa maior é falta de mentoria pastoral e um maior cuidado da igreja para com o seu pastor.

    Fala-se muito no cuidado Missionário e sua família bem como no cuidado pastoral. porém, só no papel e ou na teoria.

    Quando o pastor e ou missionário fica sem ministério ou campo de trabalho, quase todos os colegas viram às costas, às igrejas não lhes convidam para algum serviço, não procuram saber de suas dificuldades financeiras, familiares e emocionais. é preciso sim, um acompanhamento psicológico e psicopedagógico de todos os obreiros envolvidos em quaisquer ministério.

    Forte abraço
    pr. José Lopes

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    1. Caríssimo amigo: Infelizmente tenho que concordar com você. Mas, feliz com o "quase" seu. Significa que ainda há esperança e que a falta não é generalizada. Grato pela apreciação. Abraços!

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  3. Infelizmente o ministério Pastoral podemos dizer que é uma profissão solitária. Os nossos pastores precisam ser pastoreados. Mas a realidade é que se um pastor se abre com um colega, este pode leva-lo ao Presbitério que por sua vez o disciplinará. Pastores tem necessidade de ser pastoreados. Nossos pastores tem desobedecido o conselho Paulino: servir de suporte ao próximo. Pastores atentem para este ensino.

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  4. Caríssimo Amigo: Sim, sua manifestação lúcida é uma advertência. Grato pela apreciação.

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  5. O fato de nossos ministros estarem integralmente, no seu tempo, "trabalhando" a palavra não é garantia de eles próprios são ministrados. A cobrança sobre eles para que tenham uma alta "produtividade" tem tirado de muitos ministros o "privilégio" de se alimentarem da palavra. Estuda-se, aprofunda-se, esmiúça-se, detalha-se, faz-se uma verdadeira autópsia da palavra, que não sobra tempo para um simples alimentar-se. Quanta cobrança! quanta obrigação! quanta responsabilidade! Enquanto pastor, um ministro não pode estar em qualquer ajuntamento de sua igreja, EBD cultos a noite, manhã, quarta-feira, no lar , dos jovens, ar-livre ou seja qual for, sem que tenha a OBRIGAÇÃO de trazer uma mensagem. Como tenho brincado algumas vezes entre irmãos: Hoje são as ovelhas que tosqueiam pastores, numa referência humorada ao fato de que verdadeiramente os sugamos. Já fui no passado professor de juniores e adolescente, e lembro o quanto me preparar para apenas uma a duas horas de aula por semana me desgastava para ter o que transmitir e ensinar. Faltava tempo para "ouvir" o que eu mesmo precisava de Deus. Neste sentido sim concordo que falte genuína ministração da Palavra de Deus à muitos pastores. Creio sem reservas que a Palavra é a solução para TODOS os males do homem, mas precisa haver condições para poder ouvi-la. Declaramos que pastores também são humanos, mas nos chocamos se ele demonstrar ter medo do futuro incerto, se se abate por um filho com problemas ou se sua fé não o faz crer na solução de um problema difícil. Como Deus disse através do salmista em salmos 103:13 e 14 Ele se compadece dos que o temem e se lembra que somos pó. Bem, por fim, devemos lembrar que nossos pastores, são humanos, tem fraquezas, passam por aflições e dramas, enfim, também são pó!

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    1. Caríssimo Cláudio: Concordo em gênero, número e grau com seus profundos e necessários apontamentos. Somente uma pessoa cuja carreira expressam absoluta fidelidade à Cristo e sua Igreja teria sensibilidade para enxergar deste ponto de vista. Um diagnóstico preciso de uma situação dramática. Grato por sua apreciação. Grato por sua preciosa avaliação - que não me surpreende, visto conhecer sua lucidez e inteligência. Abraços!

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  6. paz do Senhor estou aqui triste demais, um ano depois entro no youtube p procurar uma musica do tio Aroldo e vejo a reportagem.. estou em estado d choque nao sabia da morte dele, ainda achei q era engano .. mto triste ainda mais os comentários . NINGUEM CONHECIA O CORAÇAO DELE... p julgar.. eu amava mto o trabalho dele com as crianças. Eu e meu esposo tb trabalhamos e conhecemos ele , to triste... que Deus abencoe a familia e em especial a Isa que tanto ele amava ffez a musica do sabao p ela.. Palhaça Pipoca Jucileni teofilo otoni mg

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    1. Caríssima amiga. Me solidarizo com sua tristeza. Uma pessoa inspiradora.

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