quarta-feira, 21 de outubro de 2015

DIVERTIDA-MENTE: O QUE SE PASSA COM A MINHA CABEÇA???

Animação: Pixar, 2015

Você deve ter perguntado muitas vezes: “O que se passa na cabeça dele(a)?” O ambiente sociocultural, as disposições genéticas, e as complexas substâncias cerebrais incidem diretamente sobre o que somos, o que pensamos e como nos comportamos.

Hoje, como nunca, a neurociência descreve o fenômeno das engrenagens cerebrais. Inside Out (Divertida-Mente, Pixar – 2015) tem como cenário a cabeça de Riley, uma menina de 11 anos que com sua família muda da gélida Minnesota, para o caldeirão de São Francisco.

Deixar para trás o lar onde viveu com seus amigos, o esporte favorito, o conforto das relações é traumático para Riley. Acompanhamos seus sentimentos, reações e experiências através das emoções que controlam o seu comportamento e definem a sua personalidade: Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza.

Não são apenas cinco emoções em tela que definem tudo em nossa vida, mas não podemos subestimá-las: As substâncias químicas que interagem no cérebro é muito mais decisiva do que imaginamos.

A Alegria, deve tornar Riley sempre feliz. O Medo, deve cuidar da segurança; a Raiva tenta assegurar o equilíbrio e a Nojinho evita que Riley seja afetada pelas intepéries. Raiva, Nojinho e Medo, tentam controlar o estado emocional de Riley na ausência de Alegria, mas, inadvertidamente, eles fazem com que ela se distancie de seus pais, amigos e hobbies. Consequentemente, suas ilhas de personalidade se desfazem e caem uma por uma para a lixeira de memórias, um abismo entre o centro e o resto da mente onde as memórias desbotadas são descartadas.

A experiência da mudança causa um turbilhão nas emoções da menina. Oscilar é inevitável, até mesmo um tanto de tristeza tem lá sua finalidade. Mesmo na avalanche de informações que temos ainda há muita resistência, sobretudo nalguns ciclos religiosos sobre o papel dos hormônios, das sinapses e das substâncias químicas conduzidas pelo Sistema Nervoso Central. Cada vez mais a indústria farmacêutica se empenha em atender a demanda ilimitável de doenças que surgem como resultado do nosso jeito de ser e viver. Depressão, pânico, fobias, transtornos, oscilações de humor, suicídio... Um jogo de xadrez interminável.

Riley vive as rupturas impostas por seus pais e suas repercursões. Seu mundo desmorona ao descobrir que os símbolos de bondade haviam sido os responsáveis por seu pesadelo, a transferência para uma nova casa, em tons de cinza, longe dos amigos e de sua brincadeira favorita. Quando a mãe prende o cabelo, o resgate da diversão, o pai interrompe para atender ao telefone – a ambição por ascensão profissional e o gradual afastamento da família. O momento, comum hoje, onde os pais “terceirizam” a criação dos filhos pra a TV, babás e smartphones, o elemento externo. A menina não compreende nada disso e se vê esmagada, sofrendo em silêncio.

Assisti a Divertida Mente sob os ecos de Apego e Perda – a trilogia de Jonh Bolby (Martins Fortes). Tudo se forma e se deforma, se ergue e desorganiza à luz de nossos vínculos, da afetividade dada (ou sonegada). Divertida Mente é uma história como a minha, como a sua. Sobre o que nos define como pessoa. Como adoecemos, como reagimos, como nos amedrontamos. Como superamos.

O filme é atemporal, inclusive quando traz à luz o amigo imaginário, que surge quando a ilha da amizade é destruída. O choro de balinhas, o trem do pensamento, e o alvorecer da maturidade quando o amigo imaginário deve ser sacrificado: A incapacidade de lidar com a montanha-russa emocional – altos e baixos da vida. A vida é dolorosa, rude, vil. Devemos enfrentar o envelhecimento, o câncer, as rupturas. Quem vê Facebook, não vê coração! O Éden virtual, o paraíso das redes sociais não leva em conta a dor, a derrota, a angústia. A maturidade emocional só é alcançada quando a pessoa aprende a equilibrar esses impulsos naturais lidando com a... Realidade!

O stress emocional de Riley é uma demonstração do quanto somos complexos! Como dói mudar – refazer amigos, se adaptar, enfrentar, esperar, saber viver. Os profissionais da saúde mental – psicólogos e psiquiatras – são nossos aliados.

Ao preguntar: “O que deu nele pra fazer isso?” Ou: “Onde ele tava com a cabeça..?” Ou até mesmo: "O que se passa com a minha cabeça?" Divertida Mente fornece algumas pistas. By Geraldinho Farias

2 comentários:

  1. Sou um autodidata voraz pelo autoconhecimento , aprecio A inteligencia Multifocal , do Dr. Augusto Jorge Cury agora mesmo estou devorando o seu livro que fala " A fascinante contrução do EU" "estamos próximos , mas infinitamente distantes das pessoas , os seres humanos vivem em universos paralelos por causa da natureza virtual da consciência existencial .Parece que entendemos as ideias , emoções , sonhos, pesadelos dos outros , mas o fazemos a partir de nos mesmos , pois vivemos em mundos mais distantes do que imaginamos " Tem tudo haver com a Riley.

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  2. Não vi o filme, mas sei um pouquinho sobre a complexidade da mente humana. Não entendo de psicologia clínica e dos seus fundamentos. Porém entendo da psicologia de Deus, e, que é primeiramente em Jesus que devemos confiar nossos problemas. Ele é suficiente, e, com ajuda de nossos familiares que comprovadamente nos ama, e os que são sábios à luz do Evangelho, toda a complexidade será resolvida com o tempo e dedicação. Agora, vendo a psicologia somente sob a perspectiva de uma ciência humanista, sinceramente não creio que haja cura.

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