PADRE MARCELO ROSSI EM PERIGO

Pe. Marcelo Rossi – o sacerdote católico mais famoso do Brasil, deu entrevista ao Fantástico neste domingo 8 de dezembro onde confessou seu drama:

Depressivo, perdeu aproximadamente 40 kg devido a uma dieta que se auto-impôs: A ingestão de 3 hamburgers diários, acompanhados por folhas de alface. Narrou as duas quedas da esteira – instrumento segundo ele, de “escape”, refúgio. Sua crise decorre da obsessão em perder peso; aparente transtorno alimentar; afirmou sofrer com o assédio e a “idolatria” a que é submetido.
Sufocado, afirmou “eu sou um ser humano!”

Marcelo tornou-se a partir da década passada um personagem pop, padre-show.

Campeão de vendas de Cds, Dvds e livros, sobretudo na categoria auto-ajuda ou espiritualidade. “Agape” foi seu último grande sucesso editorial. O Padre ficou notável por reunir centenas de milhares em suas missas na década passada, hoje celebra para 60 mil no santuário construído para seu ministério.

Como pode um líder religioso de referência no Brasil, formado e informado, seguir tal prática autofágica? ? ? Compartilho aqui, meus modestos apontamentos ao Padre orientador do rebanho católico, frutífero escritor de obras que ensinam as pessoas a viverem melhor - seja com conselhos espirituais, seja com práticas de "auto-ajuda":

Marcelo é mais uma vítima da fome global a que são submetidos personagens alimentados pela indústria de celebridades. Suas mais importantes confissões passou a ser na Mídia. Porque tornou-se mais dela à luz do seu rebanho de massa. Já havia confessado à (revista) Veja que foi boicotado em 2011 por sua Diocese – invejas, intrigas, disputas. Agora ao Fantástico. A repórter Renata Vasconcellos nalgum momento marejou os olhos tão perplexa quanto os admiradores do Padre ante sua aparência anoréxica. A matéria exige o uso de legenda pela impossibilidade de se ouvir sua voz fraca.

Marcelo também revelou que sempre achou a depressão uma “frescura”. (Pensamento comum entre leigos, mas, vindo de um líder, formador de opinião... Pasmen!) Depressão é a doença mais humana que existe. Nos ciclos acadêmicos ganhou o título que no século passado foi da SIDA (AIDS), o “Mal do Século”. Depressão é doença e tem controle e superação através do processo terapêutico com um psicólogo e medicação prescrita por um psiquiatra. Nenhuma outra doença é mais humana que aquela que nos confronta em nossos limites: Não importa se o indivíduo é ídolo das massas, show-man e recordista em venda de produtos. Democraticamente atinge o o leigo, o Padre e até mesmo o Papa. Nenhum religioso até mesmo “astro”, é imune à dor.

Seu ego aceitou vestir a batina do personagem pop, produto que vende produtos. O indivíduo despersonaliza-se passa a ser um ícone, uma logomarca. Por trás do frequentador dos programas da Globo, assíduo na mesa dos artistas, corresponde aos interesses do mercado, do Capital, mas... mas... Entrega sua intimidade e saúde para manter o sucesso. O tempo revela que alguém assediado por multidões não passa de um humano solitário, tentando sozinho remediar seu drama. Isto denuncia o quanto usam-no como grife; usam-no em nome dos números do Ibope; usam-no por absoluto interesse. Por trás do hábito, dissolve-se um indivíduo abatido pelas exigências do mercado.

Escrever e andar na esteira – conforme seu depoimento - podem ser bons hobbies. O padre afirmou que são seus escapamentos. Mas apesar de entretenimentos ou atividades interessantes, não substituem um acompanhamento terapêutico que todos precisamos nalguma medida e nalgum momento da vida. O exercício da humildade fariam figuras públicas descerem do patamar de Tótens, ícones, personalidades sagradas à de homem/mulher comum, como todos os leigos. “Eu sou um ser humano”, balbuciou o líder prostrado. Está aí, um momento oportuno para considerar Charles Chaplin em O Último Discurso: “Não sois máquinas, homens sois!”.

Nenhum sucesso ao custo da saúde e da família vale a pena. Quais os limites do homem e do Padre? Quais os limites do padre e do Pop-star? Nesse caso, o céu (sucesso) não pode ser o limite! A massa e a indústria de intretenimento moe gente, passa lâmina em reputações, pessoas e famílias. Ídolos são descartáveis, surgem e desaparecem a cada verão. Quais as lições que ficaram neste episódio? (“Estou aprendendo”, declarou).

Com a fome e sede de poder nos ciclos religiosos, quem será a próxima vítima? ? ?

Torcendo para que o Marcelo – homem, indivíduo, de carne e osso - supere o Padre-show, personagem, celebridade, pessoa jurídica, selo; e não entregue sua primogenitura (humanidade) em troca de um prato de lentilhas (fama e poder).

Marcelo Rossi, siga o exemplo do Nazareno. Seu Ministério público não o fez refém. Sempre teve seus momentos de reclusão, intimidade e amizade com seus amigos, especialmente com Pedro, Tiago e João. Ninguém pode tudo e ninguém acerta sempre. Não esqueça que o sacerdócio do Cristo não atendia aos interesses do mercado.

Marcelo Rossi, siga a recomendação paulina: "Tem cuidado de ti, e do teu ministério" (I Tm 4.16). Primeiro "de ti..."

Sinais dos tempos: A massa seguir um líder despreparado não me surpreende. Mas, o admirável Marcelo ser um desses... Produziu aos montes receitas de meditação, oração e piedade. Mas não pratica o que vende á patuléia... O Padre terminou a entrevista com um alerta: "Cuidado com dietas malucas". Não, Padre, não mude apenas a dieta. Mude de vida! Recupere-se, amigo! É bom lembrar: "Nem só de hamburger e alface viverá o homem..." By Geraldinho Farias